Cosmos | Por Carl Sagan

Sputnik: a queda de alguns mitos…


Documentos vindos a público recentemente revelaram que o lançamento do primeiro satélite, o Sputnik soviético pode ter tido menos a ver com planeamento e com um “sucesso soviético” e mais com… uma iniciativa individual… E ainda mais espantoso… O Sputnik de facto não era aquele globo com quatro antenas mas… o segundo andar do foguete de lançamento… Pelo menos segundo Boris Chertok, um dos fundadores do programa espacial soviético.

Chertok (hoje com 95 anos) reconheceu que o primeiro satélite artificial foi o produto directo do desenvolvimento de um foguetão capaz de atingir os EUA com uma bomba de hidrogénio e não de um projecto meramente civil, como a propaganda soviética sempre fez querer passar… Quando o foguetão balístico para lançar a bomba sobre os EUA foi concebido, os cientistas desconheciam o peso da bomba que teriam que transportar e criaram o R-7 com potencia a mais, tornando-o assim ideal para lançar um satélite. Contudo, os militares fizeram tudo para bloquear a utilização do R-7 como lançador de satélites e apenas porque os EUA tinham planos para lançar o seu “Vanguard” em 1958.

O satélite devia ter transportado vários equipamentos científicos, mas Korolyov resistiu a todas as pressões e o satélite com nome oficial PS-1 “Prosteishiy Sputnik” (”Satélite Simples”) mereceria bem o seu nome… Com efeito, o Sputnik acabaria por ser apenas uma esfera de alumínio com dois emissores de rádio e quatro antenas, nada mais. Mas esta simplicidade permitiria a construção do satélite em apenas 3 meses e assim, bater o lançamento do Vanguard americano…

Outra revelação é de que aquele objecto que foi seguido por telescópios por todo o mundo não era de facto o… Sputnik, mas o segundo andar do foguetão de lançamento, quer percorria exactamente a mesma órbita do satélite, já que o pequeno satélite não podia ser visto pela maioria dos telescópios.

Fonte: Space.com

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