Cosmos | Por Carl Sagan

NOVO TELESCÓPIO NOS ESTADOS UNIDOS OBSERVA "TSUNAMI" SOLAR

Evento é pouco freqüente, mas muito violento. Fenômeno é gerado a partir de erupção solar.

Do G1, em São Paulo

Quem olhasse para o Sol na última quarta-feira (6/12) às 16h28 não teria visto nada demais. Mas na superfície solar, a 150 milhões de quilômetros de distância da Terra, um evento devastador se desenrolava: um tsunami solar.

O fenômeno só foi perceptível graças a um novo telescópio instalado no Novo México, Estados Unidos.

O tsunami solar, naturalmente, não é uma onda como a que assolou a Indonésia em 2004. Na Terra, a onda gigante se propagou pela água do oceano. Já no caso do Sol, não há líquido envolvido -- a superfície solar é composta de plasma, uma espécie de gás tão quente que impede que os átomos preservem suas partículas negativas, os elétrons. Foi pelo plasma solar que o tsunami se propagou.

No entanto, a origem das ondas terrestre e solar até que é parecida. No caso do oceano Índico, a onda gigante foi originada por uma acomodação de duas placas tectônicas no interior da Terra. No caso do Sol, a onda foi originada por uma erupção solar -- evento que também nasce a partir de mudanças no interior do Sol, mais precisamente de flutuações locais de seu campo magnético.

"Essas grandes ondas de 'explosão' ocorrem com pouca freqüência, mas são muito poderosas. Elas se propagam em questão de minutos, cobrindo todo o Sol", disse K. S. Balasubramaniam, pesquisador do Observatório Nacional Solar (NSO) em Sunspot, Novo México, que está estudando esses tsunamis solares, chamados de ondas Moreton. "É incomum ver essas ondas poderosas cobrindo o Sol todo a partir de observatórios no solo."

Segundo o cientista, o mais importante da nova observação é que essas ondas estão ocorrendo perto do "mínimo solar" -- período de menor atividade no ciclo de 11 anos pelo qual passa o Sol. Os pesquisadores esperam que o novo sistema telescópico do NSO, a Rede de Patrula Solar Óptica (OSPAN), vá produzir resultados ainda mais impressionantes nos próximos cinco ou seis anos, conforme a estrela caminhe na direção do "máximo solar".

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