Cosmos | Por Carl Sagan

Brasil no espaço com o satélite “CoRoT”

Jornal da Ciência

O Brasil subirá ao espaço no dia 21 de dezembro, a bordo do satélite científico francês “CoRoT” (Convecção, Rotação e Trânsitos planetários), que será lançado do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, e deverá funcionar por pelo menos de três anos.

A missão espacial “CoRoT” insere-se no programa de mini satélites da agência espacial francesa CNES.

Com peso total de 600 kg, e dimensões de 4x6 metros, o satélite teve um custo total de 120 milhões de euros.A instrumentação científica consta de um telescópio de 270 mm, uma câmera de grande campo (~10° de raio, no céu), equipada com quatro detectores CCD (2048 x 2048 pixels) e eletrônica de controle, processamento e transmissão de dados.

Será colocado numa órbita polar (norte-sul), que permite a observação do céu por cerca de 150 dias ininterruptos, o que é um dos grandes trunfos do experimentoParticipam da missão laboratórios franceses, de outros países europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica e Espanha) e do Brasil.

O satélite é dedicado à procura de planetas fora do sistema solar (exoplanetas) e à sismologia estelar (estudo da estrutura estelar e de sua evolução). Para isso, medirá variações na intensidade da luz das estrelas com precisão jamais alcançada, que aliada a longos períodos de medidas em cada região do céu, levará à detecção pela primeira vez na história da Humanidade, de planetas do tamanho da Terra (capazes de abrigar vida superior).

Isso será feito através da observação dos eclipses devidos à passagem dos planetas em frente aos discos de suas estrelas.Estima-se que “CoRoT” descobrirá cerca de mil planetas gigantes do tipo de Júpiter e uma centena semelhantes à Terra.

Mais detalhes sobre a missão podem ser obtidos nos endereços http://Corot.oamp.fr e http://www.astro.iag.usp.br/~corot/index.html

A participação brasileira na missão “CoRoT”

É a primeira vez que os astrônomos brasileiros participam da construção de um satélite científico, dando-lhes os mesmos direitos que seus parceiros europeus de explorar os dados científicos a serem obtidos.Cientistas brasileiros foram convidados a se engajar nessa missão espacial pelos responsáveis científicos franceses, no final de 1999.

Um comitê “CoRoT”-Brasil (CCB) foi então criado, reunindo astrônomos de diversos centros de pesquisa do país interessados no projeto. Membros desse comitê participaram das principais reuniões científicas envolvendo o satélite realizadas desde então e o país tem um representante no Comitê Científico que dirige a missão.

Em reunião bilateral técnico-científica ocorrida em abril de 2002 na sede do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em S. José dos Campos/SP), a equipe “CoRoT” definiu as formas da participação brasileira na missão:a) a utilização de uma estação de recepção de dados no país, que permitirá aumentar de 70.000 para 100.000 o número de estrelas observadas.

Trata-se da estação terrena do Inpe situada em Alcântara (MA);b) a participação de 5 engenheiros/cientistas brasileiros na elaboração de ”software” de calibração, correção instrumental e redução de dados;c) a participação de cientistas brasileiros nos grupos de trabalho para definição, observação e análise preparatória das estrelas que serão observadas na missão.

O CNES e a Agência Espacial Brasileira assinaram o acordo oficializando a participação brasileira da missão “CoRoT” no último Salão Aeroespacial do Bourget, em 2006.

O Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP coordena a participação brasileira na missão espacial “CoRoT” e vários de seus docentes estão envolvidos em projetos observacionais com o satélite.Astrônomos e estudantes dos principais centros de pesquisa do país participarão igualmente de observações com o “CoRoT”.

O engajamento brasileiro nessa primeira missão científica espacial criou a possibilidade de se estabelecer um grande número de colaborações com cientistas europeus, envolvendo estágios de doutorado e pós-doutorado e programas de colaboração científica Brasil-Europa.

O país já está engajado na futura missão européia “Plato”, a ser lançado em 2015, que investigará em detalhe planetas de tipo terrestre e suas estrelas centrais.

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