Cosmos | Por Carl Sagan

ASTRÔNOMOS ASSISTEM "AO VIVO" À AGONIA DE UMA ESTRELA

Astro a 4 bilhões de anos-luz da Terra foi engolido por buraco negro. Acontecimento ocorre uma vez em cada 10.000 anos.
AFP

Uma equipe internacional de astrônomos pôde, pela primeira vez, assistir "ao vivo" todas as etapas da agonia de uma estrela sugada por um buraco negro gigante.

Um acontecimento como este, captado pelo satélite Galex (Galaxy Evolution Explorer) da Nasa, produz-se apenas uma vez em cada 10.000 anos numa galáxia normal, destacam os cientistas num artigo divulgado na revista especializada "Astrophysical Journal Letters".

Os cientistas suspeitam que no centro de cada galáxia se esconda um buraco negro "supermassivo". Alguns são ativos, acumulando a matéria da vizinhança e elevando-a a altas temperaturas, o que torna o conjunto muito brilhante até o momento em que desaparece no buraco negro. Outros aparentam dormir, como o dissimulado no centro de nossa Galáxia, a Via Láctea.

Estes monstros não emitem a mínima luz e são, então, muito difíceis de serem estudados, exceto em raros momentos nos quais eles engolem uma estrela. Foi precisamente o que aconteceu numa galáxia anônima da constelação de Bouvier, .

A estrela foi achatada e esticada quando os efeitos da gravidade do buraco negro, cuja massa é estimada em várias dezenas de milhões de vezes a do Sol, começaram a se fazer sentir. Em um determinado momento, a estrela é deslocada. "A estrela não pode simplesmente mais permanecer compacta e se quebra em pedaços", explica Suvi Gezari, pesquisadora associada do Laboratório de Astrofísica de Marselha (LAM), no sudeste da França, e integrante da equipe que assina o artigo.

Alguns pedaços vão rodar em espiral em torno do buraco negro e aí mergulhar, gerando um movimento brusco brilhante de luz ultravioleta que a Galex pode detectar. Os pesquisadores acompanharam esta agonia durante dois anos, até chegar à fase final da digestão da estrela.

"Este acontecimento muito raro oferece aos cientistas importantes informações para compreender a evolução conjunta de buracos negros e de suas galáxias hóspedes", comentou Gezari, citada em comunicado publicado pela LAM.

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