Cosmos | Por Carl Sagan

Aprovação da Força Espacial dos EUA suscita muitas dúvidas

O presidente Donald Trump afirmou que "a superioridade norte-americana" no espaço "é absolutamente vital", mas tal ação suscita perguntas sobre as consequências de criar tal ramo.


Sputnik

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou na sexta-feira (20) o orçamento militar para o próximo ano fiscal, que estabelece a criação de uma Força Espacial como o sexto ramo das Forças Armadas dos EUA.


Presidente dos EUA, Donald Trump, fala com repórteres antes de embarcar para a Conferência de Líderes da OTAN, em 2 de dezembro de 2019
Donald Trump © REUTERS / Jonathan Ernst

O presidente dos EUA disse que o espaço é "o mais novo domínio de guerra do mundo" e que "a superioridade norte-americana é absolutamente vital" durante a cerimônia, realizada no estado de Maryland.

Este é o primeiro serviço militar a ser estabelecido nos Estados Unidos em mais de 70 anos, mas será formado sob os auspícios da Força Aérea.

O Congresso dos EUA só alocou para o próximo ano US$ 40 milhões (R$ 163,4 milhões) dos US$ 72,4 milhões (R$ 295,7 milhões) solicitados para a Força Espacial, algo desvalorizado pela secretária da Força Aérea, Barbara Barrett.

Até agora, cerca de 16.000 militares e civis que trabalham no Comando Espacial da Força Aérea foram destacados para o novo ramo militar, mas ainda serão considerados efetivos da Força Aérea até decidirem mudar permanentemente. Está planejado que militares do Exército e da Marinha também sejam integrados no novo serviço no futuro.

Tendo isso em conta, tecnicamente falando há apenas uma pessoa servindo na Força Espacial neste momento: John Raymond, que atualmente lidera o Comando Espacial da Força Aérea americana e que também comandará a Força Espacial como o primeiro chefe das Operações Espaciais, segundo informação divulgada pelo portal Defense News.

Os outros detalhes, tais como uniformes, hino, emblemas, denominação dos cadetes e demais, ainda estão sendo formulados, segundo o comandante da Força Espacial.

O que pensam os outros países?

Pequim disse na segunda-feira (23) que os planos de Washington constituem uma "ameaça direta à paz e à segurança" e uma grave violação do consenso internacional sobre o uso pacífico do espaço exterior.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, acredita que o novo ramo mina o equilíbrio e a estabilidade global. Shuang apelou à comunidade internacional para que adote uma "abordagem cautelosa e responsável" do espaço, a fim de evitar que ele se torne uma zona de conflito.

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse em novembro passado que Moscou reiterou repetidamente sua oposição à militarização da envolvente espacial, afirmando que se Washington levar suas armas para o espaço, o mundo pode "esquecer a estabilidade estratégica e a segurança".

O secretário da Defesa, Mark Esper, afirmou que a dependência dos EUA das capacidades espaciais "cresceu dramaticamente", de modo que hoje "o espaço exterior se tornou um domínio de guerra". Portanto, mantê-lo sob seu controle será agora a missão da Força Espacial.

Comentários


Amazon Prime Video

Postagens mais visitadas