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Astrônomos estudam composição atmosférica de exoplaneta parecido com Vênus e Terra

Planetólogos norte-americanos conseguiram estudar a composição química da atmosfera de um dos sósias mais próximos da Terra e de Vênus – o planeta GJ1132b da constelação de Vela. Os pesquisadores informaram que há água e metano, diz o artigo publicado no site Astrophysical Journal.


Sputnik

"Comprovamos que existe no espaço um planeta com tamanho igual ao da Terra e atmosfera densa e estável. Esse é o primeiro passo rumo à investigação sobre a possibilidade de existência de vida extraterrestre em exoplanetas", escreve no artigo John Southworth, planetólogo da Universidade de Keele (Grã-Bretanha).


Exoplaneta GJ 1132b
Exoplaneta GJ1132b © Foto: Youtube / Massachusetts Institute of Technology (MIT)

O planeta GJ1132b é o mais próximo satélite de Vênus, localizado fora do Sistema Solar. Ele foi descoberto pelo famoso planetólogo David Charbonneau em meados de 2015, que, através do telescópio MEarth, analisou planetas anões vermelhos pálidos na tentativa de encontrar planetas nos arredores dos mesmos.

Astros deste tipo podem ser encontrados com mais frequência a grandes distâncias do Sol, aumentando assim a probabilidade de haver vida extraterrestre neles. A zona habitável, onde a água pode assumir condição líquida, está localizada muito perto dos planetas anões vermelhos, simplificando a procura por novos planetas.

Segundo Southworth, nem todos os planetas da "zona habitável" são parecidos com a Terra — é muito provável que exoplanetas, localizados na beirada, possuam atmosfera superquente com altos teores de ácido sulfúrico e gás carbônico, parecendo-se assim com Vênus. Mas tudo isso são apenas suposições. Para esclarecimento das teorias, faz-se necessário entender a atmosfera do planeta em questão.

A equipe de planetólogos de Southworth deu o primeiro passo em direção à resolução desta incógnita ao receber dados detalhados sobre espessura e composição atmosféricas do planeta GJ1132b, fornecidos pelos telescópios do Observatório Europeu do Sul, localizado no Chile.

Para estudar a atmosfera da "segunda Vênus", os cientistas usaram os raios que ultrapassam a atmosfera do GJ1132b e atingem a Terra, trazendo traços de sua composição química. Assim, os cientistas recolheram dados suficientes sobre interação de luz com moléculas de ar desse planeta.

Os planetólogos responsáveis pela descoberta da "segunda Vênus" subestimaram seu tamanho — seu raio é 1,4 vez maior do que o da Terra e sua massa supera em 1,6 quando comparada com a do nosso planeta e a de Vênus. A atmosfera, observada em ondas diferentes de comprimento, é bastante densa e forte, estendendo-se cerca de 600 km sobre a superfície do planeta.

Esses tamanhos, de acordo com os cientistas, mostram que a atmosfera do GJ1132b contém, em grande quantidade, água e metano, distinguindo-o claramente do planeta Vênus do nosso Sistema Solar. Além disso, sua superfície, considerando baixas densidades, deve ser coberta por camada de água grande e seu núcleo deve ser composto por rochas de silício (mas esta última é pouco provável). A temperatura na superfície do planeta é bem mais alta, se comparada à proposta pelo descobridor do planeta David Charbonneau, podendo alcançar 360º Celsius.

Levando em consideração a descoberta de oxigênio no GJ1132b em agosto de 2016, torna-se difícil considerá-lo análogo de Vênus ou da Terra em altas temperaturas.

Segundo os pesquisadores, ainda é impossível receber dados mais concretos sobre a composição de atmosfera e imagem do planeta GJ1132b, pois não há telescópios e espectrógrafos capazes de realizar tal função. Entretanto, os cientistas sugeriram que o telescópio espacial James Webb, que a NASA planeja lançar em 2018, vá ser capaz de examinar atmosfera do GJ1132b e de outros planetas vizinhos.



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