China e Brasil lançam 3º satélite em parceria
Brasil e China lançaram nesta quarta-feira (19) o terceiro satélite produzido em parceria. O equipamento saiu da base de Taiyuan, província de Shaanxi, sudoeste da China levado pelo foguete chinês Longa Marcha 4B.
O Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2B) deverá tirar fotografias da superfície da Terra que serão utilizadas para estudos ambientais.
"Cedemos as imagens para instituições que monitoram o desmatamento da Amazônia e que pesquisam programas agrícolas e climáticos", explicou à BBC Brasil o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Gilberto Câmara, que veio à China acompanhar o lançamento do satélite.
O lançamento contou com a presença de autoridades brasileiras e chinesas. A delegação do Brasil foi liderada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Machado Rezende.
CBERS-2B - O satélite lançado nesta quarta-feira, o 2B, foi desenvolvido ao longo dos últimos três anos pelo INPE e pela Agência Espacial Chinesa, a CNSA, e deverá substituir o CBERS-2, que entrou em órbita em 2006 e tem vida útil de até três anos.
"A função do satélite 2B é dar continuidade ao programa espacial enquanto não lançamos o número 3, pois a vida útil do modelo 2 está chegando ao fim", explica Câmara.
O 2B captura imagens com maior resolução e mais próximas da Terra do que o satélite anterior. "Funciona como o zoom numa câmera digital. Vemos maiores detalhes, mas numa área menor", explica Câmara.
Segundo números do governo brasileiro desde abril de 2004, já foram distribuídas mais de 350 mil imagens para mais de 5 mil instituições brasileiras.
A China, por sua vez, já cedeu mais de 200 mil imagens e tem os seus ministérios da Terra e de Recursos Naturais como principal usuário das informações dos satélites CBERS.
Programa espacial - O programa espacial conjunto da China e do Brasil existe desde 1988 e é a principal iniciativa de cooperação científica entre os dois países.
O primeiro satélite da série CBERS foi lançado em 1999 e operou até 2003, quando foi substituído pelo segundo equipamento, que ainda está em operação.
O programa sino-brasileiro prevê o lançamento de mais dois satélites, o CBERS-3 para 2010 e o CBERS-4, para 2013.
Nesta semana a delegação brasileira ainda vai discutir com os chineses como continuará a parceria espacial depois de 2013 até 2020.
"A China investe US$1,5 bilhão no seu programa espacial. Nós investimos US$ 100 milhões. Eles têm intenções diferentes das nossas e este será o maior desafio da negociação, conciliar a ambição dos dois lados", revela o diretor do Inpe.
Segundo Câmara, o Brasil é pragmático quanto à questão espacial. O país só estaria disposto a investir em tecnologias que têm aplicação científica. Em contraste, a China buscaria uma afirmação mundial de prestígio e poder.
"Veja como os astronautas chineses são tidos como heróis. Trata-se de intenções completamente diferentes. Eles querem conquistar. Nós queremos pesquisar", conclui Câmara.
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