Amendoim ou boneco de neve? Conheça Ultima Thule, objeto mais distante já explorado no espaço
O planeta Terra finalmente pôde conhecer, nesta quarta-feira, o "rosto" do objeto celeste batizado de Ultima Thule.
Jonathan Amos | BBC
Novos dados enviados pela sonda da Nasa New Horizons mostram pela primeira vez a imagem de um pequeno corpo feito de rocha e gelo e composto por dois objetos unidos - parecendo algo como um boneco de neve ou um amendoim. O objeto foi descoberto inicialmente em 2014 pelo telescópio Hubble.
O objeto encontrado promete ajudar cientistas a entenderem melhor os processos de formação de planetas | NASA |
O encontro desta terça-feira marcou um novo recorde: chegou ao objeto mais distante já explorado por uma missão.
A New Horizons localizou a Ultima a 6,5 bilhões de quilômetros da Terra. Ela fica em uma região do Sistema Solar conhecida como Cinturão de Kuiper.
A equipe científica decidiu chamar a porção maior do "amendoim" de "Ultima", e a menor, de "Thule". A razão do volume é de três para um, e o corpo orbita o Sol.
Jeff Moore, um copesquisador da New Horizons e membro do centro Ames de pesquisas da Nasa, informou que as duas porções provavelmente se aglutinaram a uma velocidade bastante baixa, talvez entre 2 e 3 km/h.
Há centenas de milhares de corpos como a Ultima em Kuiper e eles certamente contêm pistas sobre como corpos planetários se formaram há alguns 4,6 bilhões de anos.
Líder da equipe, Alan Stern homenageou as habilidades de seu time por ter feito a imagem enquanto a sonda estava a 3.500 km de distância do objeto.
A sonda precisou focar o corpo rochoso de forma bastante precisa - garantindo que ele estivesse centralizado para as câmeras e outros instrumentos à bordo.
"[Ultima] tem apenas o tamanho de algo como Washington D.C. (capital dos Estados Unidos)", explicou Stern. "É iluminada por um Sol que é 1.900 vezes mais tênue do que um dia ensolarado aqui na Terra. Estávamos basicamente perseguinda-o no escuro a 32.000 mph (51.000 km/h) e tudo precisava acontecer nos conformes".
Menos de 1% de todos os dados recolhidos pela New Horizons foram enviados à Terra. A baixa capacidade de transmissão de informações indica que serão necessários 20 meses até que toda a carga de dados seja retirada da sonda.
O que é tão especial no Cinturão de Kuiper?
Vários fatores fazem da Ultima Thule e seu entorno tão interessantes para os cientistas.
Um é que o Sol é tão fraco nesta região que as temperaturas chegam a 30 ou 40 graus acima do zero absoluto. Como resultado, reações químicas essencialmente ficaram paralisadas. Assim, a Ultima é tão gelada que provalmente tem sua formação original perfeitamente preservada.
Outro fator é que a Ultima é pequena e, assim, não tem mecanismos geológicos que, em objetos maiores, alteram sua composição.
Um terceiro motivo é apenas a natureza daquele ambiente: o cinturão de Kuiper é bastante calmo, com poucas colisões entre objetos, por exemplo.
"Tudo o que vamos aprender sobre a Ultima - desde a sua composição à sua geologia, como foi originalmente formada, se tem satélites e uma atmosfera - vai nos ensinar sobre as condições originais de formação no Sistema Solar de outros objetos", comemora Alan Stern. "A Ultima é única".
O que a sonda New Horizons fará depois?
Primeiro, os cientistas precisam trabalhar nos dados da Ultima, mas também pedirão à Nasa que financie uma nova extensão da missão.
A esperança é que o trajeto da sonda possa ser ligeiramente alterado para visitar pelo menos mais um objeto do Cinturão de Kuiper em algum momento na próxima década.
A New Horizons deve ter reservas de combustível suficientes para fazer isso; também deve abastecimento elétrico suficiente para continuar operando seus instrumentos na década de 2030.
A longevidade da bateria de plutônio da New Horizon pode até permitir que ela registre sua saída do Sistema Solar.
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