Erros da indústria espacial russa colocam em xeque programa do país
Falhas recentes em foguetes poderiam afetar programas internacionais.
Último imprevisto quase impediu retorno de astronautas da Estação Espacial.
France Presse
A Rússia respirou aliviada nesta segunda-feira (18) depois que a agência espacial Roscosmos anunciou que a nave Progress acoplada à Estação Espacial Internacional (ISS) conseguiu acionar os motores e corrigir a órbita da plataforma.
A Rússia respirou aliviada nesta segunda-feira (18) depois que a agência espacial Roscosmos anunciou que a nave Progress acoplada à Estação Espacial Internacional (ISS) conseguiu acionar os motores e corrigir a órbita da plataforma.
Imagem da Nasa de 2011 mostra a Estação Espacial Internacional (Foto: Divulgação/Nasa)
"Na madrugada de domingo para segunda-feira, a órbita da ISS foi corrigida com êxito", anunciou a Roscosmos, após dois incidentes no fim de semana que colocaram em dúvida confiabilidade da indústria espacial russa. A manobra durou 30 minutos, segundo a agência espacial.
A nave Progress M-26M, acoplada ao módulo Zvezda, conseguiu corrigir a órbita da ISS e colocou a estação na altura desejada, o que permitirá o retorno à Terra de três tripulantes em junho. A manobra deveria ter sido concluída na sexta-feira (15), mas foi adiada depois que os operadores russos não conseguiram acionar os motores da nave.
Horas mais tarde, a Rússia anunciou a "perda" de um satélite mexicano de telecomunicações, provocada por uma falha no lançamento do foguete de transporte.
O foguete de lançamento do satélite, com várias toneladas de combustível tóxico, caiu na região de Chita, na Sibéria, mas a maior parte se desintegrou na atmosfera.
Governo pediu explicações
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, exigiu no sábado explicações ao diretor da Roscosmos, Igor Komanov, dando a entender que o governo poderia anunciar demissões.
"Este acidente é a consequência de uma crise sistêmica da indústria espacial", denunciou em um comunicado o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Rogozin, que prometeu reformas e destacou que o governo vai apresentar um projeto de lei ao Congresso.
No ano passado, a Rússia registrou uma série de fracassos no setor espacial, o que provocou a demissão do diretor da Roscosmos.
Há menos de um mês, os operadores russos perderam o controle da nave espacial de carga Progress, que caiu na Terra e se desintegrou na atmosfera.
A perda desta nave, que custou US$ 572 milhões, representou um duro golpe para a indústria espacial russa, um setor estratégico que é considerado um orgulho do país.
A nave abasteceria a ISS e seu colapso provocou o adiamento do retorno à Terra de três astronautas, o russo Anton Shkaplerov, o americano Terry Virts e a italiana Samantha Cristoforetti.
A Rússia está em um processo de reforma de seu programa espacial, mas especialistas afirmam que a reestruturação vai demorar anos, já que não existem funcionários suficientes para substituir os especialistas da era soviética.
"Durante 20 anos, o setor não foi financiado e os funcionários não foram treinados", afirmou à agência Ria Novosti o parlamentar Valeri Gartung, que preside a comissão do programa espacial no Congresso.
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