Rússia e China contam com a conquista conjunta do espaço
Rússia e China estão determinadas a concretizar um avanço significativo no estudo do espaço. Em janeiro de 2015, os cientistas dos dois países irão coordenar um plano de cooperação nessa área, anunciou o diretor do Instituto russo de Investigação do Espaço, Lev Zeleny. Cada uma das partes tem 15 a 20 propostas para experiências conjuntas e que devem ser juntas num só programa.
Natalia Kasho | Voz da Rússia
Os detalhes não são, por ora, revelados. Sabe-se apenas que esta orientação é desenvolvida no âmbito de acordos intergovernamentais sobre a cooperação na área do espaço. Esse acordo foi assinado em outubro, durante a visita do chefe de governo da República Popular da China, Li Keqiang, a Moscou.
Cientistas russos e chineses estão a preparar um avanço significativo, considera Igor Marinin, redator-chefe da revista russa Novosti Kosmonavtiki:
“A cooperação pode passar por experiências conjuntas, trocas de equipamentos para a investigação de planetas e do espaço. O importante é que tanto em questões científicas, como em tecnológicas, fala-se de cooperação. Pois, até a data, a China seguia o seu próprio caminho, apropriava-se de avanços tecnológicos de outros países, nomeadamente do nosso, e não levava a cabo qualquer programa de cooperação. Por isso, trata-se de uma tendência muito positiva”.
A comunidade científica comenta, de forma enérgica, as declarações do líder do Roscosmos, Oleg Ostapenko, sobre o interesse da China face a dois eixos concretos de cooperação com a Rússia. Um deles passa pela construção conjunta de motores de foguetões. Os chineses, em resposta à proposta russa, insistem na transferência de tecnologia de produção para a China. Em troca, propõe retirar quaisquer limitações à exportação de produtos eletrónicos para a Rússia e, futuramente, desenvolverem micro-esquemas.
Outro potencial eixo de cooperação passa pelo intercâmbio de voos espaciais tripulados para a Estação Espacial russa e chinesa. Igor Marinin avaliou a perspectiva desta forma:
“Os chineses têm agora uma estação pequena que já esgotou os seus recursos. Ninguém vai para lá agora, nem os astronautas chineses. Eles lançarão a próxima estação só daqui a um ano e meio. E ela será colocada numa inclinação na qual os nossos foguetões não podem voar. Por isso, aqui só será possível a integração de astronautas russos em equipas chinesas.
Mas existe a barreira linguística. A viagem de astronautas chineses nos nossos foguetões seria mais simples, pois os chineses aprendem mais fácil e rapidamente a língua russa. Mas o acesso ao EEI, onde a Rússia é um dos parceiros, tem que ser coordenado com todas as partes interessadas, incluindo com os Estados Unidos. Mas eles opuseram-se categoricamente à participação dos chineses nesse projeto. E levar lá os chineses como se fossem turistas, sem o direito de abandonarem o sector russo, não terá o acordo da China. Eles querem enviar para lá um astronauta profissional, e não um turista”.
O projeto mais realista, atualmente, tanto no plano político como tecnológico, passa pelo estudo conjunto, por parte da Rússia e da China, da Lua e de Marte, consideram os peritos. Paralelamente, não se exclui a criação de uma base no satélite.
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