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Satélite de R$ 1,3 bi abre portas para expansão da Visiona

Virgínia Silveira | Valor
De São José Dos Campos

A Visiona Tecnologia Espacial, joint venture entre a Embraer (51%) e a Telebras (49%), pretende assumir um papel mais amplo no programa espacial brasileiro, consolidando sua atuação como integradora de sistemas espaciais.

No ano passado, a empresa foi contratada pelo governo brasileiro para fornecer um satélite de comunicações completo, o SGDC (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas), que será lançado no segundo semestre de 2016. O satélite será o principal instrumento para a ampliação do Plano Nacional de Banda Larga e das comunicações militares e estratégicas do governo federal.

O satélite está sendo fabricado pela Thales Alenia Space e o lançamento será contratado da também francesa Arianespace. O custo total do projeto, segundo o gerente do SGDC na Telebras, Sebastião Nascimento, é de R$ 1,3 bilhão. Somente a apólice de seguro está avaliada em US$ 500 milhões, número que corresponde a 9% do valor do satélite e da operação de lançamento.

O trabalho da Visiona abrange a seleção dos fornecedores do satélite e do lançador (foguete), além da integração dos sistemas.

O presidente da Visiona, Eduardo Bonini, disse que a empresa foi concebida para ajudar a organizar o setor espacial no Brasil, conforme prevê o Plano Nacional de Atividades Espaciais (Pnae), da Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A ideia, segundo o executivo, é que a Visiona lidere as ações na cadeia industrial, orientando clientes potenciais sobre o impacto das tecnologias espaciais e desenvolvendo com os demais atores do setor novas tecnologias que possam ser levadas ao mercado nacional e internacional de forma competitiva.

Em apresentação feita ontem em audiência pública no Senado, o presidente da Visiona disse que a visão de futuro para a cadeia espacial brasileira deve seguir o mesmo caminho da indústria aeronáutica. "O objetivo é consolidar e inserir a base industrial nacional no mercado internacional com a exportação de satélites e de serviços espaciais."

A Cenic, de São José dos Campos (SP), foi a única empresa nacional contratada para fornecer peças para o primeiro satélite SGDC. O vice-presidente da Thales Alenia Space, Joël Chenet, informou que a Cenic vai fornecer um painel em alumínio que será usado na estrutura do satélite. O painel vai suportar as baterias do SGDC.

Chenet disse que apenas a Cenic conseguiu entregar o painel no prazo certo, tendo em vista um cronograma muito apertado para o primeiro satélite. "Futuramente, outras empresas brasileiras, como a Orbital, fabricante de painel solar e de sistema de gerenciamento de energia, e a Fibraforte, com o sistema de propulsão do satélite, também poderão fornecer no prazo e com preços competitivos", afirmou.

De acordo com o executivo da Thales, em meados de dezembro a empresa vai fazer a revisão crítica do projeto do satélite, última etapa que antecede a fabricação do equipamento de voo. "O desenvolvimento do satélite está dois meses à frente do planejamento previsto", disse.

Bonini afirmou que a Visiona está muito engajada na missão de ajudar a desenvolver e ampliar a cadeia espacial brasileira. "A estratégia industrial da Visiona passa pelo uso intensivo da indústria nacional e deverá buscar a nacionalização crescente dos sistemas utilizados em seus satélites", disse. Para que essa tarefa seja feita sem riscos e sem onerar o custo das missões, a empresa precisará de parceiros fortes, afirmou.

"O objetivo da Visiona é ser competitiva internacionalmente e, para isso, buscará trabalhar com parceiros que estejam na fronteira da tecnologia, no Brasil e no exterior", disse. A parceria com empresas estrangeiras, segundo Bonini, é também uma estratégia para a entrada em mercados internacionais.

Sediada no Parque Tecnológico de São José dos Campos, a Visiona tem cerca de 45 funcionários egressos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Embraer e do programa de absorção de tecnologia do SGDC. "Já temos um dos principais grupos de engenharia espacial no Brasil, que deverá trabalhar no desenvolvimento de tecnologias do espaço necessárias para o cumprimento das missões previstas no programa espacial brasileiro", afirmou.

Além do SGDC, a Visiona participará do projeto de uma constelação de satélites de coleta de dados para estações meteorológicas, que vai restabelecer e ampliar a capacidade do sistema de coleta de dados existente. Os dados servirão para monitoramento das bacias hidrográficas, previsão do tempo, estudos sobre correntes oceânicas, química da atmosfera e agricultura.

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