Cientistas caçam asteroides que ameaçam a Terra
O ponto fraco que se movimenta devagar no céu parece sem perigo. O telescópio no topo da montanha que o detectou aponta que ele está se tornando uma ameaça muito séria, no entanto. É um asteroide, um jamais visto antes.
Pesquisas rápidas com telescópios descobrem milhares de asteroides a cada ano, mas há algo muito peculiar sobre este. O software do telescópio decide acordar vários astrônomos com uma mensagem de texto, que eles jamais esperaram receber. O asteroide está em rota de colisão com a Terra. É do tamanho de um edifício. Grande o bastante para arrasar uma cidade inteira. E, claro, ele estará aqui em três dias.
Por mais inverossímil que possa parecer, o cenário é bastante plausível. Certamente, é realista o suficiente para que a força aérea dos Estados Unidos recentemente reunisse cientistas, oficiais militares e responsáveis por setores de atendimento à emergência pela primeira vez, a fim de avaliar a capacidade do país para enfrentar o fenômeno, caso ele ocorra.
Os especialistas foram convidados a imaginar como as respectivas organizações responderiam no caso de um asteroide imaginário, chamado Innoculatus, colidir com a Terra após um alerta de três dias. O asteroide consistia em duas partes: um amontoado de escombros de 270 metros de diâmetro destinado a cair no oceano Atlântico, na costa oeste da África, e uma rocha de 50 metros, no melhor estilo Hollywood, diretamente em Washington.
O exercício, que ocorreu em dezembro de 2008, expôs o arrepiante perigo que os asteroides proporcionam. Não somente inexiste um plano para um possível choque de asteroides, como também nossos sistemas de alerta antecipado -- que poderia fazer uma diferença entre a vida e a morte -- são totalmente inadequados. A reunião criou apenas a chamada de conscientização que o organizador Peter Garreston esperava criar. Há bastante tempo, ele estava preocupado quanto à ameaça de um impacto. "Como contribuinte, eu apreciaria minha Força Aérea dando uma olhada em algo que seria, certamente, tão mau como terrorismo nuclear em uma cidade e, potencialmente, um evento de extermínio de uma civilização", observa Garreston.
A última rocha espacial que poderia nos deixar em calafrios era a TC3 2008. O objeto, do tamanho de um carro, explodiu na atmosfera sobre o Sudão em outubro do ano passado. Um telescópio captou a imagem do asteroide apenas 20 horas antes do impacto - em uma distância de 500 mil km - e os astrônomos disseram que tivemos sorte por receber qualquer aviso.
Felizmente, o TC3 2008 era demasiadamente pequeno para causar qualquer dano no chão, mas ele demonstrou como somos cegos para observar objetos grandes o suficiente para causar danos sérios. Mal começamos a rastrear os milhões de asteroides que cruzam o céu nas vizinhanças da Terra, tampouco aqueles que, com o impacto, têm um poder destrutivo semelhante ao de uma bomba nuclear.
Impactos de asteroides não são tão raros como se pode pensar. É amplamente aceito que um asteroide ou cometa, cujo diâmetro variava entre 30 ou 50 metros, explodiu sobre Tunguska, na Sibéria, em 1908, achatando árvores em dezenas de quilômetros ao redor. A chance de um impacto semelhante é de 1 em 500 a cada ano. Dito de outra forma, isso significa 10% de chances de um impacto nos próximos 50 anos.
"Asteroides de 50 metros me assustam até a morte", disse Timothy Spahr, diretor do Minor Planet Center, em Massachussets. "Posso ver facilmente um objeto de 50 metros caindo em três dias, e causando um pandemônio absoluto."
Durante o exercício da força aérea dos Estados Unidos, os cientistas participantes explicaram que, com aviso tão pequeno, não haveria esperança de prevenir o impacto. Mesmo que o Inoculatus fosse menor que os 50 metros propostos, pesaria centenas de milhares de toneladas, o que exigiria um enorme impulso para mudar a sua trajetória consideravelmente. Para desviar o rumo de um asteroide, a força teria que ser aplicada com anos de antecedência.
Na verdade, uma arma nuclear pioraria as coisas: ao quebrar o asteroide em pedaços, alguns deles poderiam causar danos - até mesmo a partir da criação de uma tempestade de meteoros com potencial de destruir os satélites em órbita na Terra.
Esteja preparado
"Até agora, os EUA têm a maior parte da responsabilidade de lidar com o problema. É hora de outros países assumirem partes iguais a respeito do assunto", diz Richard Crowther, do Conselho de Ciência e Tecnologia do Reino Unido.
O auxílio vem de dois novos observatórios norte-americanos, projetados para pesquisar de todo o céu visível de suas localizações, em um período curto de dias. O Telescópio de Pesquisa Panorâmica e Sistema de Resposta Rápida (Pan-Starrs, na sigla em inglês) será composto por quatro telescópios de 1,8 metro -- o primeiro deles já está funcionando no Havaí. Há planos para construção de um telescópio de 8,4 metros no Chile em 2015 -- mas o projeto ainda está levantando fundos. Os equipamentos vão melhorar as chances de uma detecção precoce, e vão estender em até um mês o aviso de identificação de objetos com 30 metros de diâmetro.
Impactos de asteroides são muito mais raros que furacões e terremotos -mas têm o potencial de causar danos muito maiores. "Não se trata de algo que precise de bilhões de dólares por ano em gastos, mas deve ter alguma prioridade na lista de coisas com as quais deveríamos estar preocupados", diz Irwin Shapiro, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, em Massachussetts. O dinheiro seria aplicado para dar uma ideia mais nítida sobre quando o próximo asteroide poderia cair. "Pelo que sabemos hoje", observa, "poderia ser na próxima semana."
Pesquisas rápidas com telescópios descobrem milhares de asteroides a cada ano, mas há algo muito peculiar sobre este. O software do telescópio decide acordar vários astrônomos com uma mensagem de texto, que eles jamais esperaram receber. O asteroide está em rota de colisão com a Terra. É do tamanho de um edifício. Grande o bastante para arrasar uma cidade inteira. E, claro, ele estará aqui em três dias.
Por mais inverossímil que possa parecer, o cenário é bastante plausível. Certamente, é realista o suficiente para que a força aérea dos Estados Unidos recentemente reunisse cientistas, oficiais militares e responsáveis por setores de atendimento à emergência pela primeira vez, a fim de avaliar a capacidade do país para enfrentar o fenômeno, caso ele ocorra.
Os especialistas foram convidados a imaginar como as respectivas organizações responderiam no caso de um asteroide imaginário, chamado Innoculatus, colidir com a Terra após um alerta de três dias. O asteroide consistia em duas partes: um amontoado de escombros de 270 metros de diâmetro destinado a cair no oceano Atlântico, na costa oeste da África, e uma rocha de 50 metros, no melhor estilo Hollywood, diretamente em Washington.
O exercício, que ocorreu em dezembro de 2008, expôs o arrepiante perigo que os asteroides proporcionam. Não somente inexiste um plano para um possível choque de asteroides, como também nossos sistemas de alerta antecipado -- que poderia fazer uma diferença entre a vida e a morte -- são totalmente inadequados. A reunião criou apenas a chamada de conscientização que o organizador Peter Garreston esperava criar. Há bastante tempo, ele estava preocupado quanto à ameaça de um impacto. "Como contribuinte, eu apreciaria minha Força Aérea dando uma olhada em algo que seria, certamente, tão mau como terrorismo nuclear em uma cidade e, potencialmente, um evento de extermínio de uma civilização", observa Garreston.
A última rocha espacial que poderia nos deixar em calafrios era a TC3 2008. O objeto, do tamanho de um carro, explodiu na atmosfera sobre o Sudão em outubro do ano passado. Um telescópio captou a imagem do asteroide apenas 20 horas antes do impacto - em uma distância de 500 mil km - e os astrônomos disseram que tivemos sorte por receber qualquer aviso.
Felizmente, o TC3 2008 era demasiadamente pequeno para causar qualquer dano no chão, mas ele demonstrou como somos cegos para observar objetos grandes o suficiente para causar danos sérios. Mal começamos a rastrear os milhões de asteroides que cruzam o céu nas vizinhanças da Terra, tampouco aqueles que, com o impacto, têm um poder destrutivo semelhante ao de uma bomba nuclear.
Impactos de asteroides não são tão raros como se pode pensar. É amplamente aceito que um asteroide ou cometa, cujo diâmetro variava entre 30 ou 50 metros, explodiu sobre Tunguska, na Sibéria, em 1908, achatando árvores em dezenas de quilômetros ao redor. A chance de um impacto semelhante é de 1 em 500 a cada ano. Dito de outra forma, isso significa 10% de chances de um impacto nos próximos 50 anos.
"Asteroides de 50 metros me assustam até a morte", disse Timothy Spahr, diretor do Minor Planet Center, em Massachussets. "Posso ver facilmente um objeto de 50 metros caindo em três dias, e causando um pandemônio absoluto."
Durante o exercício da força aérea dos Estados Unidos, os cientistas participantes explicaram que, com aviso tão pequeno, não haveria esperança de prevenir o impacto. Mesmo que o Inoculatus fosse menor que os 50 metros propostos, pesaria centenas de milhares de toneladas, o que exigiria um enorme impulso para mudar a sua trajetória consideravelmente. Para desviar o rumo de um asteroide, a força teria que ser aplicada com anos de antecedência.
Na verdade, uma arma nuclear pioraria as coisas: ao quebrar o asteroide em pedaços, alguns deles poderiam causar danos - até mesmo a partir da criação de uma tempestade de meteoros com potencial de destruir os satélites em órbita na Terra.
Esteja preparado
"Até agora, os EUA têm a maior parte da responsabilidade de lidar com o problema. É hora de outros países assumirem partes iguais a respeito do assunto", diz Richard Crowther, do Conselho de Ciência e Tecnologia do Reino Unido.
O auxílio vem de dois novos observatórios norte-americanos, projetados para pesquisar de todo o céu visível de suas localizações, em um período curto de dias. O Telescópio de Pesquisa Panorâmica e Sistema de Resposta Rápida (Pan-Starrs, na sigla em inglês) será composto por quatro telescópios de 1,8 metro -- o primeiro deles já está funcionando no Havaí. Há planos para construção de um telescópio de 8,4 metros no Chile em 2015 -- mas o projeto ainda está levantando fundos. Os equipamentos vão melhorar as chances de uma detecção precoce, e vão estender em até um mês o aviso de identificação de objetos com 30 metros de diâmetro.
Impactos de asteroides são muito mais raros que furacões e terremotos -mas têm o potencial de causar danos muito maiores. "Não se trata de algo que precise de bilhões de dólares por ano em gastos, mas deve ter alguma prioridade na lista de coisas com as quais deveríamos estar preocupados", diz Irwin Shapiro, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, em Massachussetts. O dinheiro seria aplicado para dar uma ideia mais nítida sobre quando o próximo asteroide poderia cair. "Pelo que sabemos hoje", observa, "poderia ser na próxima semana."
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