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Briga com ex-ministro derruba brigadeiro de agência

Divergências sobre terras quilombolas na Base de Alcântara levaram Roberto Amaral e Pereira Chaves a bater boca
 
O Globo

BRASÍLIA. O governo demitiu ontem o brigadeiro Antônio Hugo Pereira Chaves, que representava a Aeronáutica na direção da Agência Espacial Brasileira (AEB). Ele foi afastado após se envolver num bateboca com o presidente da binacional Alcântara Cyclone Space, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral. A desavença, que ocorreu numa reunião da agência no último dia 26 e quase acabou em agressões físicas, foi noticiada ontem na coluna de Merval Pereira no GLOBO.

A exoneração do brigadeiro, que pertence à reserva da Aeronáutica e ocupava a Diretoria de Transporte Espacial e Licenciamento da AEB, foi publicada ontem no Diário Oficial da União.

Como ele ocupava um cargo de assessoramento superior, o ato foi assinado por Erenice Guerra, que substitui a ministra Dilma Rousseff (de férias) na chefia da Casa Civil da Presidência. O texto do DO não apresenta um motivo oficial para a demissão.

Segundo a coluna de Merval Pereira, a discussão entre o exministro e o brigadeiro foi áspera. Os dois deram socos na mesa e precisaram ser contidos para não se agredirem fisicamente. Após o incidente, Amaral teria exigido o afastamento do militar.

O ex-ministro é vice-presidente nacional do PSB, partido que controla o Ministério de Ciência e Tecnologia desde o início do governo Lula. A agência é vinculada à pasta, comandada pelo ministro Sérgio Rezende.

Amaral confirma a briga, mas não comenta demissão A briga entre Amaral e Chaves teve origem na polêmica em torno da área ocupada pela Base de Alcântara, no Maranhão, a principal sede do projeto espacial brasileiro. O brigadeiro defendia a abertura de negociações com grupos quilombolas e indígenas que reivindicam o controle de áreas próximas ao atual centro de lançamento de foguetes. Ele era considerado um aliado pela Secretaria da Igualdade Racial, que conseguiu demarcar o território no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Amaral, por sua vez, tenta acelerar a construção de uma nova base no local em disputa.

Ele pressiona para incluir a obra no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o que garantiria prioridade para o projeto.

Ontem, Amaral e Sérgio Rezende se recusaram a comentar a discussão e a demissão do exdiretor da agência espacial. Por meio de sua assessoria, Amaral se limitou a confirmar a briga, mas disse que o episódio estaria superado e que suas relações com a direção da AEB são cordiais. Na agência espacial, funcionários que trabalharam com o brigadeiro disseram que ele não foi localizado para comentar o caso.

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