Cosmos | Por Carl Sagan

O que explica o comportamento de KIC 8462852, a estrela suspeita de abrigar atividade alienígena

Mais conhecida como Tabby, a estrela KIC 8462852 tem um comportamento tão incomum que, quando foi descoberta, em 2015, os astrônomos responsáveis por achá-la chegaram a pensar que poderia estar envolta por uma imensa estrutura extraterrestre.


BBC Brasil

Agora, após quase dois anos de observação, a equipe formada por mais de cem pesquisadores disse ter encontrado uma resposta para o mistério que derruba essa teoria alienígena.

Ilustração da KIC 8462852
A estrela intriga cientistas desde seu descobrimento, em 2015 | Foto: Nasa/JPL-Caltech

A diminuição e o aumento esporádico de seu brilho, sem um padrão regular ou previsível, como ocorreria se planetas orbitassem ao seu redor, não se deve à presença de uma estrutura artificial, mas a uma enorme nuvem de poeira que, de tempos em tempos, torna sua luz mais opaca.

Os cientistas dizem que o pó estelar pode ter sido produzido por uma colisão de dois cometas ou a ruptura de um deles. Outra explicação possível, embora menos provável, é que a estrela esteja passando por uma espécie de convulsão desconhecida.

Público curioso

Localizada a cerca de 1,5 mil anos da Terra, com um tamanho 50% maior do que o do Sol e com uma temperatura 1.000ºC superior, a estrela deixou muitos cientistas confusos quando foi observada uma redução de 20% no seu brilho em uma ocasião e, depois, de 15%.

Gráfico
Equipe de astrônomos analisou o comportamento da estrela por dois anos | Imagem: Tabetha Boyajian

São esperadas normalmente reduções regulares e de uma intensidade bem menor. No caso de Tabby, esses eventos podiam durar de cinco a 80 dias.

Foi surpreendente não só a irregularidade desse fenômeno, mas o grau de diminuição da luz. Para se ter uma ideia, se um planeta grande passasse diante da estrela, sua luz seria bloqueada em apenas 1%.

A possibilidade de uma intervenção extraterrestre entusiasmou o público, que contribuiu com mais de US$ 100 mil (R$ 323,7 mil) por meio de uma campanha de financiamento coletivo para que a investigação do fenômeno prosseguisse.

Assim, Tabetha Boyajian, professora da Universidade do Estado da Louisiana, nos Estados Unidos e autora da descoberta, observou Tabby com sua equipe entre março de 2016 e dezembro de 2017, período em que foram registrados quatro destes eventos.

Os episódios foram mais fracos do que no passado, e distintos comprimentos de onda de luz foram afetados em graus diferentes, o que foi a chave para determinar que não eram provocados artificialmente.

Se a estrela tivesse um objeto sólido à frente, este teria bloqueado todos os comprimentos de onda ao mesmo tempo. Os registros de Tabby apontavam para a forma típica como a luz se comporta quando atravessa uma nuvem de poeira.

Os resultados da pesquisa serão publicados na revista The Astrophysical Journal Letters. Mas nem todos os mistérios de Tabby já foram solucionados.

Ainda não está clara a origem deste pó estelar nem se a nuvem de poeira orbita em torno da estrela ou se está vindo de algum outro lugar.

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