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Sobe ao espaço o Tancredo 1, satélite criado por adolescentes brasileiros

O satélite Tancredo 1, desenvolvido por alunos da Escola Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves, em Ubatuba, São Paulo, foi lançado ao espaço na sexta-feira, 9, do Centro Espacial Tanegashima, pertencente à Jaxa – Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial. 


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O satélite foi enviado à Estação Espacial Internacional, para ser colocado em órbita.


Mini-satélite desenvolvido por alunos da Escola Tancredo Neves, de Ubatuba/SP
Satélite Tancredo 1

Este é o primeiro satélite brasileiro produzido por estudantes da educação básica, alunos na faixa etária de 16, 17 anos, segundo o coordenador do projeto, o físico Cândido Osvaldo de Moura, que dá aulas de Matemática na Escola Tancredo Neves. Os estudantes são os mais jovens participantes da pesquisa espacial, conforme o Professor Cândido ouviu dos diretores da empresa comercializadora desses satélites, sediada nos Estados Unidos.

"A ideia de trabalharmos neste satélite surgiu em 2010, a partir da leitura de um artigo da revista de divulgação científica 'Super Interessante'", conta Cândido de Moura. "O artigo falava de uma empresa startup que vendia kits de satélites e do serviço de colocação destes satélites em órbita. Na realidade, esta empresa estava desenvolvendo um veículo lançador, um foguete, com objetivo de fazer turismo espacial. Foi através deste meio que a empresa criou as possibilidades para também vender satélites e sua colocação em órbita." 


De acordo com o Professor Cândido, o seu objetivo e da Escola Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves era pedagógico: 

"Nossa intenção era colocar os alunos para realizar um experimento científico e, assim, participar de um programa científico real, pondo os alunos em contato direto com pesquisadores espaciais. A carga útil que acabamos escolhendo para ser transportada pelo satélite era um gravador de voz, contendo uma mensagem que poderia ser captada por radioamadores. Fizemos um concurso interno na escola, selecionamos a mensagem ganhadora e fizemos a gravação. Adiante, acabamos incluindo outra carga útil no satélite. Depois de entrar em contato com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), soubemos que os físicos e astrônomos do Instituto queriam enviar ao espaço uma Sonda de Langmuir. Esta sonda, que recebe o nome de um renomado físico, tem o objetivo de pesquisar e visualizar a formação de bolhas de plasma [em física e em química, um dos estados da matéria, similar ao gasoso, no qual certas partículas da matéria são ionizadas]. Estas bolhas que se formam na ionosfera, a camada mais alta da atmosfera, interferem na captação de sinais de telecomunicações, no funcionamento de GPS, no controle do tráfego de aeronaves, etc. A Sonda de Langmuir tem, enfim, uma série de aplicações. Desta forma, levamos duas cargas úteis no satélite: a gravação e a Sonda de Langmuir."

Alunos e professores envolvidos no projeto do satélite Tancredo 1
Alunos e professores envolvidos no projeto do satélite Tancredo 1

O fato de o satélite ter sido lançado pela Jaxa (a agência espacial do Japão) é explicado por Cândido de Moura:

"Quando adquirimos o kit para satélites, os norte-americanos nos disseram duas coisas que nos chamaram muito a atenção: a primeira, a de que nossos alunos seriam os mais jovens participantes da pesquisa espacial se quisessem mesmo levar o projeto em frente; e a segunda, a de que para executar efetivamente o projeto precisaríamos de um forte suporte técnico. A princípio, contávamos com esta mesma empresa, mas, como os seus lançamentos começaram a retardar 2, 3 anos, decidimos buscar alternativas. Soubemos então que a AEB (Agência Espacial Brasileira) havia contratado vários voos com a Jaxa para dar andamento ao seu programa Satélites Universitários. Ao saber do nosso projeto, a AEB dedicou um desses voos para nós, e ele foi lançado na sexta-feira, dia 9."



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