Cosmos | Por Carl Sagan

Chineses partem hoje para fazer caminhada espacial

Terceira missão tripulada visa preparar país para construir laboratório orbital



RAUL JUSTE LORES

DE PEQUIM

A China lança hoje sua terceira missão tripulada ao espaço. No sábado, pela primeira vez, um astronauta chinês deve fazer uma caminhada espacial, saindo por 40 minutos da nave.

A Shenzhou-7 decolará por volta das 22h (11h em Brasília) da base de Jiuquan, na Província de Gansu, noroeste do país. Ficará 68 horas em órbita, a 341 quilômetros de altitude. Shenzhou quer dizer "nave divina".

Apenas ontem foi revelada a identidade dos três taikonautas (astronautas chineses) que estarão a bordo: Zhai Zhigang, Liu Boming e Jing Haipeng, os três de 42 anos de idade e que trabalham há dez anos juntos.

Zhai é quem deve sair da nave -sua caminhada será transmitida ao vivo no país (16h30 de sábado em Pequim, 5h30 em Brasília). Ele vai apanhar amostras do lado de fora do módulo orbital e trazê-las de volta. Outro taikonauta ficará dando apoio dentro do módulo, e o terceiro permanecerá no módulo de reentrada (parte da nave que trará o trio de volta).

Altas ambições

O vôo de hoje da Shenzhou é o próximo passo lógico no programa espacial tripulado chinês, que tem a pretensão de desenvolver um laboratório orbital próprio e realizar uma missão tripulada à Lua em 2017.

Em 2003, a China se tornou o terceiro país a mandar um homem ao espaço, depois de EUA e Rússia. Em outubro do ano passado, lançou uma sonda lunar -o quinto país a fazê-lo.

Uma equipe de 6.000 pessoas trabalhou na missão. Há planos para 239 cenários de emergência e cinco navios de assistência e monitoramento, quatro no oceano Pacífico e um no oceano Atlântico.

A cápsula com os taikonautas deve pousar no domingo na região da Mongólia Interior. A foto dos três está na capa de jornais e páginas da internet de toda a China. O pioneiro astronauta do país, Yang Liwei, foi o primeiro chinês selecionado a carregar a tocha olímpica em sua chegada a Pequim.

"Como astronautas, nossa maior honra é representar a Pátria e fazer essa expedição pelo espaço", disse Zhai, chefe da missão. Seu filho de 14 anos se chama Tianxiong, que quer dizer "herói do céu".

Estima-se que o país gaste cerca de US$ 3 bilhões por ano em seu programa espacial, que inclui um acordo de cooperação com o Brasil, nos satélites CBERS. Os avanços chineses estão provocando uma corrida espacial entre seus rivais asiáticos, Japão e Índia.

"A China é hoje uma potência militar e espacial", diz Gilberto Câmara, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). "Sua tecnologia mostra sofisticação e qualidade crescentes, e os EUA efetivamente têm receios. Procuram restringir o progresso chinês ao restringir o acesso deles à tecnologia americana."

Respingos desse temor se fazem sentir até no Brasil: empresas aeroespaciais brasileiras não conseguem comprar componentes americanos para os satélites CBERS devido a barreiras impostas pelos EUA à venda de tecnologia de uso dual para a China e seus parceiros.

A China começou a ter ambições espaciais nos anos 1950, com assistência soviética, mas aquela parceria terminou em 1960, com a ruptura do então ditador Mao Tsé-tung e do soviético Nikita Kruschev. Nos anos 1970, programas parecidos foram cancelados por falta de recursos.

Com a Reportagem Local

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