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Coreia do Norte retoma reconstrução de área de lançamento de satélites

Com base na análise de imagens de satélites, centro de estudos americano observou atividade em Sohae após fracasso na reunião de Kim e Trump.


France Presse

A Coreia do Norte retomou a reconstrução de uma área de lançamento de satélites imediatamente após o fracasso da reunião de cúpula com os Estados Unidos em Hanói, anunciou nesta quarta-feira (6) o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) americano.

Analistas da CSIS entendem que a coreia do Norte está reconstruindo a base de mísseis de Sohae — Foto: CSIS / Beyond Parallel / DigitalGlobe 2019 / via Reuters
Analistas da CSIS entendem que a coreia do Norte está reconstruindo a base de mísseis de Sohae — Foto: CSIS / Beyond Parallel / DigitalGlobe 2019 / via Reuters

Apenas dois dias depois da segunda reunião entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, terminar sem resultados, os especialistas do CSIS, com base na análise de imagens de satélites, detectaram uma nova atividade na área de Sohae, noroeste da Coreia do Norte.

O encontro entre Trump e Kim foi concluído na quinta-feira (28) de modo abrupto, antes do previsto, sem um acordo sobre a delicada questão dos programas nuclear e balístico de Pyongyang.

A Coreia do Norte utilizou esta plataforma para lançar satélites em 2012 e 2016. "[Porém], esta instalação não registrava atividade desde agosto de 2018, o que indica que as atividades atuais são deliberadas e têm um objetivo", afirmou o CSIS, que tem sede em Washington.

Para os especialistas, a nova atividade em Sohae poderia "ilustrar uma determinação ante a rejeição americana" ao pedido norte-coreano de um alívio das sanções.

Sohae, na costa noroeste da Coreia do Norte, é utilizado para colocar satélites em órbita, mas pode ser adaptado facilmente aos mísseis balísticos. A comunidade internacional afirma que o programa espacial norte-coreano acoberta um programa de armamento.

Em setembro do ano passado, após uma reunião com Kim, o presidente sul-coreano Moon Jae-in anunciou que a Coreia do Norte havia aceitado "fechar de forma permanente" o local de testes de motores de mísseis de Sohae, assim como a plataforma de lançamentos.

Imagens de satélites obtidas em julho de 2018 mostravam o início das operações para retirar as instalações.

Nesta quarta-feira, o CSIS citou atividades "evidentes" na área de testes de motores e na estrutura sobre trilhos utilizada para transportar foguetes até a plataforma de lançamento.

Pyongyang 'nunca lançou um ICBM de Sohae'

O CSIS destaca que Sohae "foi utilizado no passado para o lançamento de satélites com a tecnologia ICBM (míssil balístico intercontinental) proibida pelas resoluções do Conselho de Segurança" da ONU.

O serviço de inteligência sul-coreano informou esta semana a uma comissão parlamentar que havia detectado sinais de atividade em Sohae.

Joel Wit, diretor do site 38 North, com sede em Washington, declarou que os indícios observados não são necessariamente "coerentes com a preparação de um teste ICBM".

"Além disso, (a Coreia do Norte) nunca lançou um míssil intercontinental de Sohae - esta é uma área de lançamento de veículos espaciais -, a preparação de qualquer lançamento implicaria toda uma série de atividades que não foram observadas nas imagens", disse.

A Coreia do Norte realizou em 2006 o seu primeiro teste nuclear. Em 2017 Pyongyang afirmou que poderia adaptar uma carga nuclear em um míssil intercontinental com capacidade para atingir a costa leste dos Estados Unidos.

Ankit Panda, da Federação de Cientistas Americanos (FAS), concorda que as imagens obtidas por satélites não sugerem a preparação do lançamento de um míssil ICBM, mas pode ser uma "recordação de quando as relações eram piores e o que pode ser perdido caso o processo (de diálogo) entre em colapso".

O site 38 North indica que os esforços para reconstruir as estruturas da área de Sohae começaram em algum momento 16 de fevereiro e 2 de março.

"O momento importa, as imagens contam a história de que isto aconteceu (...) nas semanas anteriores a Hanói", tuitou Ankit Panda.

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