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Cientistas descobrem que o cometa Lovejoy libera álcool etílico e açúcar

Descoberta reforça teoria de que cometas fizeram parte da composição inicial da Terra


Isabela Moreira | Galileu

O cometa de longo período C/2014 Q2, ou Lovejoy, como é conhecido, libera álcool etílico e açúcar, afirmam cientistas em estudo divulgado na última sexta-feira (23) na publicação científica Science Advances.

Conhecido como Lovejoy, o cometa C/2014 Q2 foi descoberto em agosto de 2014 (Foto: Wikimedia/John Vermette)
CONHECIDO COMO LOVEJOY, O COMETA C/2014 Q2 FOI DESCOBERTO EM AGOSTO DE 2014 (FOTO: WIKIMEDIA/JOHN VERMETTE)

"Nós descobrimos que o cometa estava soltando uma quantidade de álcool relativa a de 500 garrafas de vinho por segundo durante sua atividade de pico", disse Nicolas Biver, condutor da pesquisa e cientista do Observatório de Paris, na França. Entre as substâncias liberadas pelo cometa, foi encontrado um açúcar simples chamado gliceraldeído e outras 19 moléculas orgânicas.

Essas informações fazem com que os cientistas cheguem mais perto de confirmar a teoria de que os cometas fizeram parte dos ingredientes necessários para a origem de vida na Terra.

O Lovejoy foi descoberto em agosto de 2014 e fez sua passagem mais próxima do Sol no dia 30 de janeiro de 2015. O calor intenso causado por esse encontro fez com que o cometa liberasse várias nuvens de gás nos arredores, enquanto soltava cerca de 18 toneladas de moléculas de água por segundo.

Nicolas Biver e sua equipe conseguiram descobriram a composição desse gás usando observações feitas pelo rádiotelescópio do Observatório Pico Veleta, na Espanha. Os cientistas perceberam que a forma como a luz solar interagia com as moléculas na atmosfera do cometa fez com que elas brilhem em frequências específicas. A partir dessas informações foi possível identificar as moléculas.

Os cometas são ótimas fontes para descobrir quais foram os materiais que serviram de base durante o surgimento da Terra. Estima-se que quando as nuvens de gás são produzidas por estrelas que explodem, ou supernovas, elas se misturam com ventos de gigantes vermelhas, comprimindo a si mesmas em uma nuvem concentrada de material estelar que desmorona abaixo de sua própria gravidade para formar novas estrelas e planetas.

Esses gases formadores coletam grãos de poeiras, nos quais dióxido de carbono, vapor de água, e outros gases se acumulam e congelam, antes que a radiação os converta em diferentes tipo de moléculas orgânicas. Os grãos se tornam então parte do interior de cometas e asteroides.

Existem diversas hipóteses de que vários cometas carregados com moléculas orgânicas impactaram a Terra logo após ela ter nascido, se espalhando pela superfície. As últimas observações do cometa Lovejoy dão um novo peso a essa ideia. "O resultado definitivamente reforça a ideia de que cometas carregam consigo uma química bem complexa", disse Stefanie Millam, do Centro de Voo Espacial Goddard, da NASA, nos Estados Unidos.

O próximo passo para os cientistas será descobrir se o álcool, o açúcar e as outras moléculas orgânicas encontradas no cometa Lovejoy surgiram pela nuvem primordial formada pelo Sistema Solar, ou se elas foram colhidas de outras fontes.

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