Cosmos | Por Carl Sagan

É complexo? É complicado? É Plutão!

Cássio Barbosa | G1

Esta semana eu estava de boa, vendo ainda as imagens daquela bola de fogo sobre Bangkok para tentar tirar alguma conclusão, quando recebi um SMS avisando que estava para começar o download de mais imagens de Plutão, obtidas no sobrevoo de julho. Pessoas normais recebem SMS dos amigos, da operadora ou do banco. Eu recebo SMS da New Horizons, não devo ser normal...

Cadê as imagens, então? Aí vão elas!

Essa primeira imagem mostra Caronte, a maior lua de Plutão com detalhes impressionantes. A superfície da pequena lua de 1.200 km de diâmetro mostra um terreno fraturado por atividade tectônica, muito parecido com o que vemos na Terra, uma planície relativamente lisa e outra cravejada de crateras. Mas as duas características mais intrigantes de Caronte são as montanhas afundadas no terreno que as rodeia (no lado direito inferior, bem na borda) e o misterioso terreno escuro, que na verdade é vermelho, no topo da lua. Chama a atenção também o gigantesco cânion visto na borda superior direita. Tudo isso junto nos indica que essa pobre criatura vivenciou momentos de muita ação no passado!




Passando para Plutão, esta talvez seja a mais impressionante imagem deste pacote. Ela é apenas um zoom, mas mostra a diversidade de terrenos do planeta anão e tem para todos os gostos. Na parte de cima, a planície de gelo já conhecida das imagens de baixa resolução, que parece formar uma “ilha” escura ao centro. O detalhe intrigante dessa ilha é que, se você olhar com cuidado, vai ver uma sequência de montes alinhados, parecendo com dunas. Mas, péra, como assim? Pois é, a atmosfera de Plutão é rarefeita demais para carregar poeira. Na verdade é tão rarefeita que nem vento deve ter! Uma explicação, totalmente especulativa é que essas “dunas” sejam um enrugamento do terreno típico de quando o terreno se desloca e encontra uma barreira à sua frente. Mais para baixo, sobre o terreno bem escuro, diversas crateras. Algumas delas estão vazias, mostrando detalhes das bordas, mas outras se mostram cheias de gelo. Será um baita desafio explicar como o gelo foi parar dentro de algumas crateras, mas não de todas!



Finalmente, esse mosaico de imagens tomadas separadamente que foram coladas e também deformadas para dar a noção da curvatura de Plutão. Ela é magnífica! Mostra a parte esquerda da região de Tombaugh, o coração de Plutão, uma planície de nitrogênio congelado. Na parte à esquerda, a planície está cravejada de crateras, sinais da idade mais avançada do terreno, ao contrário do lado direito da imagem, liso. A completa ausência de crateras e outros sinais de atividade sugerem que essa parte do astro foi totalmente refeita em épocas recentes, como se tivesse havido uma grande inundação e depois o material se congelasse sobre o terreno. Ou que o nitrogênio que compõe a planície fosse se depositando ao longo dos milênios, como aconteceu nos polos da Terra, com a diferença que parece que há certa atividade abaixo da superfície em Plutão.



Essas imagens são fantásticas e vão dar muito pano para manga ainda. De tão impressionantes, basta você clicar nesses aperitivos de baixa resolução para irem direto para o site onde elas estão em sua plena saúde. Aí você vai poder admirar cada detalhe delas, que podem chegar a apenas 400 metros por pixel. Deixe seu pitaco aí nos comentários!

Crédito das imagens: NASA/JHU-APL/SwRI



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