Rússia e EUA trabalharão juntos em nova estação espacial
Notícia foi recebida com grande expectativa de “redefinição” das relações espaciais entre os dois países. Expectativa é que Europa e países do Brics (Brasil, Rússia, China e África do Sul) participem ativamente do projeto.
Viktória Zaviálova | Gazeta Russa
Em entrevista à Gazeta Russa, o diretor da Agência Espacial Russa (Roscosmos), Ígor Komarov, confirmou que a Rússia e os Estados Unidos irão trabalhar juntos na criação de uma nova estação espacial. Também devem participar do projeto os atuais membros da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) e outros países interessados, sobretudo dos Brics.
A declaração inesperada foi feita por Komarov e Charles Bolden, administrador da Nasa (agência espacial norte-americana), durante o recente lançamento de uma missão à ISS no Cosmódromo de Baikonur. A notícia foi recebida com grande expectativa de “redefinição” das relações espaciais entre os dois países.
A estação espacial que está sendo planejada pela Roscosmos e pela Nasa deve ser construída com tecnologia mais avançada que a ISS e será capaz de realizar tarefas mais complexas.
“Não faz sentidos produzir e duplicar os mesmos módulos atuais. Planejamos alterar a função da estação e sua configuração. Ela será o ponto intermediário para missões à Lua e outros planetas mais distantes”, afirmou o chefe da Roscosmos.
Anteriormente, a agência russa havia ameaçado suspender os trabalhos com a ISS em 2020. Também houve rumores de que a Rússia criaria sua própria estação espacial. Mas, ao que tudo indica, a situação mudou radicalmente.
De acordo com Komarov, a Roscosmos está disposta a estender seu compromisso com a ISS até 2024, conforme sugerido pela Nasa. Além disso, as partes estão analisando a possibilidade de alargar a vida útil da estação em 2016.
Otimização do orçamento
A razão para a convergência repentina dos interesses espaciais entre os dois países, segundo o diretor da Roscosmos, é a otimização dos programas científicos e a realização de mais experimentos sem a necessidade de investimentos adicionais.
“A Nasa também pretende desenvolver experimentos industriais a bordo da ISS. Estamos analisando em conjunto quais as oportunidades que podemos oferecer às grandes empresas russas”, explica Komarov. Estão previstos experimentos nas áreas biológica, química e metalúrgica, entre outras.
“Programas de exploração do espaço profundo, como uma missão tripulada à Marte, são caros e é impossível esperar retorno financeiro imediato. Juntos, podemos resolver mais problemas e com menos ônus para nossos orçamentos”, acrescenta o diretor da agência russa.
Além disso, a cooperação conjunta impele uma maior segurança a questões que envolvam perigos para toda a Terra, como é o caso da ameça de asteroides.
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