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Brasil e China fecham Plano Decenal de Cooperação Espacial

InfoRel

Brasília - O Plano Decenal de Cooperação Espacial Brasil - China irá contemplar o desenvolvimento dos futuros satélites da série CBERS e outros para aplicações e técnicas de calibração de sensores e geoprocessamento, coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e pela Administração Nacional Espacial da China (CNSA).


A cooperação sino-brasileira teve início na década de 1980 e já permitiu o lançamento do CBERS 1, 2 e 2B. Em novembro, deverá ser lançado o CBERS-3.

O Plano Decenal de Cooperação Espacial Brasil - China nasceu em 2011. Em fevereiro deste ano, foi criado um Grupo de Trabalho Técnico para elaborar a proposta brasileira.

De acordo com o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, em junho, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao virá ao país para a Rio+20 e manterá reuniões de trabalho com a presidente Dilma Rousseff. A idéia é que as prioridades da cooperação espacial sejam definidas pelos dois países.

Na avaliação de Li Jinzhang, os dois países precisam fortalecer a colaboração para aumentar a distribuição internacional dos dados dos satélites CBERS-03 e CBERS-04, com novas estações terrestres de recepção de seus dados, visando ampliar as aplicações ambientais de monitoramento dos ecossistemas terrestres e outras aplicações de interesse global; implementar o Programa CBERSs for Africa, colocando em prática os Memorandos de Entendimento para a recepção de imagens do CBERS-3, assinados com a África do Sul, a Espanha (para a implantação da Estação terrestre de Maspalomas, nas Ilhas Canárias) e Egito (para a implantação da Estação de Aswan); elaborar e assinar o Memorando de Entendimento entre MCTI e CMA (Administração Meteorológica da China) destinado a criar o Centro Brasil-China de Pesquisa Meteorológica por Satélite, tendo como agências implementadoras o INPE e o NSMC (Centro Nacional de Satélites Meteorológicos da CMA); fortalecer o trabalho conjunto entre INPE e CEODE (Centro de Observação da Terra e da Geoinformação Digital) no mapeamento de aplicações para a agricultura; no desenvolvimento de acesso aberto e gratuito de ferramentas computacionais; na modelagem ambiental; nos sistemas de monitoramento de desastres naturais e tecnologia espacial para o estudo das mudanças ambientais globais; fortalecer a colaboração entre INPE e o CSSAR (Centro de Ciência Espacial e de Pesquisa Aplicada), com a realização de observações conjuntas e estudos da ionosfera e atmosfera média e alta em baixas latitudes; e dar continuidade ao acordo que estabelece o apoio das estações terrestres do Brasil aos vôos tripulados das missões Shenzhou, em colaboração com o Centro Chinês de Lançamento e Rastreamento (CLTC - China Launch and Tracking Center).

Mais cooperação

Principal parceira comercial do Brasil desde 2009, a China também quer ampliar a cooperação em áreas essenciais de ciência, tecnologia e inovação, como nanotecnologia, biotecnologia, computação e tecnologias da informação e comunicação, e políticas de inovação.

Também está previsto que universidades chinesas receberão estudantes brasileiros do Programa Ciência sem Fronteiras.

Além disso, os dois países cogitam colaborar em áreas como mudanças climáticas, energia nuclear, recursos hídricos, engenharias, ciências dos materiais e recursos minerais - em pouco tempo a China responderá por 50% do consumo de metais como cobre, zinco, alumínio, níquel, estanho e chumbo - uma vez que nos últimos dez anos, seu consumo desses minérios pulou de 10% para 40%.

Brasil e China também pretendem ainda trabalhar na área de bambu, em pesquisa científica, tecnologia industrial e agregação de valor. Para tanto, será criado o Centro Sino-Brasileiro de Tecnologia de Bambu em local ainda a ser definido.


Investimentos

No dia 26, o Secretário-Executivo da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), Emilio Garofalo Filho, recebeu delegação de autoridades e jornalistas da província de Cantão, localizada no Sul da China.

O chefe da delegação, o diretor-geral da Secretaria de Assuntos Exteriores da província de Cantão, Fu Lang, afirmou que o objetivo da visita ao Brasil é conhecer melhor o ambiente de investimento no país e incentivar a cooperação bilateral.

Na oportunidade, Emilio Garofalo Filho informou sobre a criação do Grupo Técnico de Estudos Estratégicos de Comércio Exterior, formado por representantes dos sete ministérios que compõe a CAMEX, e que terá um subgrupo específico para estudar estratégias comerciais para a Ásia.

No primeiro trimestre de 2012, a China foi o principal destino das exportações do Brasil.

No período, as vendas externas de empresas brasileiras para o país asiático totalizaram US$ 7,891 bilhões, o que representa um aumento de 10,6% se comparadas aos primeiros três meses de 2011.


Em relação às importações, atualmente a China é o segundo maior mercado de origem das compras externas brasileiras, atrás dos Estados Unidos.

De janeiro a março de 2012, as importações brasileiras da China chegaram a US$ 8,183 bilhões. Um crescimento de 13,9% em relação ao primeiro trimestre de 2011.

Perfil


O embaixador Li Jinzhang, de 58 anos, assumiu o cargo em 23 de janeiro e antes de servir no Brasil, ocupava o cargo de vice-ministro das Relações Exteriores, status que manterá no Brasil - nível atribuído hoje pelo Governo chinês a apenas 12 países.

Jinzhang serviu em Cuba entre 1976 e 1980 e entre 1990 e 1993, e na Nicarágua de 1988 a 1990. Também foi embaixador no México entre 2001 e 2003.

Ao retornar à China, dedicou-se aos temas da América Latina. Em 2006, assumiu o posto de vice-ministro, o terceiro na hierarquia da chancelaria, depois do ministro e do vice-ministro executivo.

Ele presidiu, pelo lado chinês, duas reuniões do Diálogo Estratégico Brasil-China (sobre a situação internacional), próprio para diplomatas com nível de vice-ministros, uma com o embaixador Roberto Jaguaribe e a outra com a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis.

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