Cosmos | Por Carl Sagan

Planeta recém-descoberto é o que mais tem chances de abrigar vida no Universo

POR JOÃO RICARDO GONÇALVES - O Dia

Rio - O tema é um clichê nos roteiros de ficção científica: depois de raspar os seus recursos naturais num futuro distante, a humanidade é obrigada a se mudar para outro mundo, novo e distante. Recentemente, pelo menos a parte do outro planeta habitável deixou de ser só enredo de filme: cientistas da Universidade da Califórnia (EUA) anunciaram a descoberta do que acreditam ser o planeta que, pela sua posição, tem as maiores chances de abrigar vida entre todos já descobertos.

O exoplaneta — termo utilizado para todos os planetas que estão fora do Sistema Solar — foi encontrado no fim de setembro, a 20 anos-luz da Terra, na órbita da estrela Gliese 581, na constelação de Libra, e batizado de Gliese 581G. Outros cinco astros também foram detectados na região desde 2007. O planeta que seria habitável fica a uma distância em relação à estrela muito menor que a da Terra ao Sol, mas tem boas chances de abrigar vida porque Gliese 581 é uma estrela-anã, com um terço do tamanho do Sol. O calor emitido por ela, então, teria alcance bem menor.

Além de Gliese 581G, outro planeta vizinho, o Gliese 581D, também está na “zona de adaptabilidade”, região dentro de um sistema de planetas onde há mais chances de existir vida. O fato de ser muito maior, entretanto, é tido como um obstáculo para a existência de vida.

Astro pode ter água

No caso de Gliese 581G, o planeta é um pouco maior que a Terra. O principal cientista responsável pela descoberta, Steve Vogt, acredita que ele contenha água. O astrônomo da Fundação Planetário Naelton Mendes de Araújo concorda que Gliese é a estrela com a maior probabilidade de ter um planeta em sua zona de adaptabilidade, mas pede cautela. “Ninguém viu esses planetas diretamente, apenas a estrela. A existência desses astros foi descoberta através das variações das frequências de captação da Gliese 581. É preciso esperar a tecnologia avançar e esses planetas serem observados por telescópios, para que se chegue a maiores conclusões”, diz o cientista.

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