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CLA e inovações tecnológicas em destaque na SBPC

Na 62ª SBPC, ministro Nelson Jobim defendeu a expansão do Centro de Lançamento de Alcântara.


Rômulo Gomes/ Fapema

NATAL - Em palestra para pesquisadores, na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nesta terça-feira (27), em Natal (RN), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, manifestou-se, contundentemente favorável à expansão do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), que possibilitaria o aumento das atuais três bases de lançamento para 23. Mas o projeto esbarra em um antigo problema: a área a ser utilizada na expansão, cerca de 20 mil hectares, compreende terras de comunidades remanescentes de quilombolas.

A ampliação do CLA, segundo o ministro, viabilizaria as estratégias de defesa nacionais dos próximos anos, que serão baseadas em monitoramentos via satélite. “Precisamos ser o centro de lançamento para o mundo todo.

Isso é fundamental, também, para que possamos ter uma base de lançamento para nossos satélites, usando tecnologia brasileira”, defendeu Jobim.

Um acordo entre o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e a empresa ucraniana Ciclone Space para um modelo de foguetes montados na posição horizontal e levantados na hora do lançamento, permitiria a permanência do CLA nos 8 km que possui hoje. “Não é esse o modelo que temos na Aeronáutica. Além disso, andei nessa área e vi que aquilo é só areia, pedra e mangue. Não tem cabimento fazer agricultura ali”, argumentou o ministro, que acredita na necessidade de uma política agrícola e de pesca que compatibilize a expansão do Centro com os interesses da comunidade quilombola.

A questão está sendo examinada pela Advocacia Geral da União (AGU), que emitirá parecer sobre a expansão do CLA. O ministro foi à SBPC apresentar aos pesquisadores as estratégias de defesa do Brasil, buscando aliá-las a produtos nacionais de alto padrão científico e tecnológico. Na pré-proposta de recursos do Ministério da Defesa, em 2010, foi levantada a demanda de R$ 6,5 milhões para investimentos em projetos de ciência e tecnologia. Até 22 de julho deste no, foram executados pouco mais de R$ 140 mil.

O caminho a ser percorrido para aplicação de pesquisas às estratégias de defesa nacional é o mesmo indicado ao crescimento das indústrias do país. De acordo com Jobim, a necessidade seria apresentada pelo MD aos institutos de ciência e tecnologia, que, por sua vez, elaborariam produtos com aproveitamento pelas empresas do Brasil. “Não há mais hipótese de comprarmos esse tipo de equipamentos sem que estejam ligados à indústria brasileira, por razões estratégicas e políticas”, adiantou.

Esse projeto colocaria, na opinião de Jobim, o país na vanguarda tecnológica e operacional.

“Nenhuma empresa sobrevive fornecendo somente para consumo dos militares; ela também deve ter capacidade de vender, em um sistema de produção dual”, alertou o ministro. Já está em construção uma proposta de decreto para a ciência e tecnologia, com a pretensão de fortalecer as pesquisas e as indústrias, além de tornar o Brasil reconhecido no exterior, em termos de tecnologias para defesa nacional.

Projeto Espacial Brasileiro

Os primeiros esforços maranhenses, nesse sentido, foram capitaneados pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema). A fundação firmou recente convênio com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e, em interface com as Instituições de Ensino Superior locais, ofertará um curso de especialização na área aeroespacial. O curso terá como objetivo a atração de profissionais do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e, ainda, daqueles que tiverem interesse direto pela área.

Segundo José Nivaldo Hinckel, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil tem condições concretas para lançar um foguete próprio em no máximo 12 anos, e num prazo de 20 anos o país pode ter autonomia na área aeroespacial. Para isso, entretanto, é necessário cooperação técnica e um programa conjunto que deve ser tratado como política de Estado prioritária. “É fundamental fazer com que o Congresso e o Executivo percebam que o programa espacial deve ser tratado como política de Estado, e não como política de governo”, disse.

A falta de recursos destinados ao programa e de continuidade das ações também foram apontadas como entraves ao desenvolvimento aeroespacial brasileiro. O debate prosseguiu e foi endossado na fala do coordenador da mesa, José Carlos Argolo, da Sygma Tecnologia. “O Brasil arrisca sua soberania por não dispor de tecnologia espacial adequada. A pesquisa espacial no país ainda está relegada a uma política de segunda grandeza, feita nos gabinetes burocráticos e com base em ritos e normas limitantes. É necessário mais abertura, sobretudo com a comunidade científica”, alertou.

Segundo os participantes da mesa, a motivação principal para o programa espacial brasileiro é o seu caráter estratégico, representado pela exploração dos recursos espaciais em comunicações, e observação da terra para fins de segurança, defesa e governança. É um programa que demanda desenvolvimento tecnológico, por isso, a qualificação de recursos humanos também foi uma das tônicas da discussão.

“Um dos focos desse programa deve ser a gestão de pessoas, por isso precisamos estimular mais a qualificação de nossos jovens engenheiros. É muito importante que esse tipo de debate esteja presente em espaços como a SBPC, que é um evento eminentemente jovem”, destacou João Luiz Filgueiras de Azevedo, do Centro Técnico Aeroespacial (CTA).

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