Conselho: programa espacial brasileiro precisa de estabilidade e
Daniele Lessa - Jornal da Câmara
O programa espacial brasileiro precisa de estabilidade e de objetivos claros e, para isso, a sociedade deve saber para que serve a tecnologia espacial. Essa foi uma das principais conclusões de seminário realizado ontem pelo Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Câmara.
O Conselho está realizando estudo aprofundado sobre a política espacial brasileira. Depois de traçar um diagnóstico do setor, serão feitas sugestões ao governo para a melhoria do programa espacial.
A previsão é de que o estudo seja concluído no início de 2010.
Aplicações
O relator do estudo, deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), destacou que a sociedade precisa conhecer mais a importância de o Brasil investir em tecnologia espacial e suas 'inúmeras aplicações' no cotidiano. "Quando a gente está falando de um grande programa de inclusão digital, nós precisamos do programa espacial, do acesso à comunicação de forma geral, da previsão de catástrofes climáticas ou de eventos extremos. Com isso, nós estamos evitando o sofrimento de milhares de famílias. Tem um impacto social muito grande", argumenta.
As aplicações da tecnologia espacial estão presentes nas imagens de satélites, que dão suporte à agricultura, ao meio ambiente, às telecomunicações e à previsão do tempo. Esse mesmo conhecimento pode ser aplicado na pesquisa de novos tratamentos médicos.
Falta de foco
Mas a falta de foco tem penalizado a trajetória do programa espacial. O analista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) Edmilson de Jesus Costa Filho afirmou que o País precisa estabelecer objetivos estratégicos que possam ser desenvolvidos ao longo de vários governos. "A partir do momento que você tem uma política de Estado que não muda ao sabor dos governos, podemos diminuir o caráter de modificações de uma coisa que já foi estabelecida em uma comissão de altos estudos, por brasileiros bastante comprometidos com a temática espacial", observou.
Atuação conjunta
Já o presidente da Agência Especial Brasileira, Carlos Ganem, defende que o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) seja alterado enquanto os diferentes projetos brasileiros não trabalharem em conjunto. "Não adianta eu ficar insistindo em um conjunto de projetos isolados que não fazem, pela soma dessas parcelas, uma só política nacional, integradora e virtuosa."
No Brasil, dois órgãos desenvolvem projetos independentes na área espacial: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais atua no âmbito civil; já o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespecial é chefiado pela Aeronáutica e desenvolve projetos militares e parcerias internacionais.
Representantes das duas entidades detalharam alguns os projetos em andamento e confirmaram que, mesmo com objetivos diferentes, os dois órgãos têm dificuldades iguais: falta de pessoal para atuar na área, escassez de recursos e dificuldades com a burocracia na área de compras de equipamentos e serviços.
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