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Foco no mercado espacial

Agência lança dois foguetes nestas segunda e terça-feiras para testar operação

Da Redação – Jornal de Brasília

O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, lançará nas próximas segunda e terças-feiras dois foguetes de treinamento básico. O objetivo da operação, denominada de FogTrein I, é treinar as equipes do CLA e do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), além de realizar testes de equipamento para qualificar e certificar os foguetes brasileiros.

Os foguetes que serão lançados devem alcançar mais de 30 quilômetros de altura e vão cair em alto-mar, a mais de 16 quilômetros da costa. Fabricado pela empresa brasileira Avibras, os foguetes têm tecnologia quase 100% nacional, pouco mais de três metros de comprimento e pesam cerca de 68 quilos. Eles levarão cinco quilos de carga útil para experimentos tecnológicos. Segundo o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, esses lançamentos são o resultado do desenvolvimento do setor aeroespacial brasileiro e a oportunidade de capacitar os recursos humanos e alcançar a independência tecnológica do País, com aplicações e benefícios no cotidiano da sociedade.

Ganem explica que o negócio espacial no mundo é rentável e promissor para as nações que desenvolvem programas espaciais. “Este mercado mundial movimentou em 2008 cerca de US$ 170 bilhões. O Brasil tem a ambição de conquistar uma pequena fatia deste segmento. Ficar fora desse negócio é desperdiçar uma oportunidade única”, comenta o presidente da AEB.

Programa Espacial

O investimento em atividades espaciais no Brasil trouxe benefícios dos mais diversos: pesquisas de novos medicamentos, materiais e equipamentos eletrônicos, cartografia com a utilização de satélite, imagens em tempo real da localização de queimadas e desmatamento e informações meteorológicas. Os foguetes são um pilar do programa espacial brasileiro, desde sua criação em 1961.

O primeiro deles, um Nike-Apache, decolou em 1965, do Rio Grande do Norte. De lá para cá, centenas de foguetes foram lançados, tanto no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Natal, quanto do Centro de Lançamento de Alcântara. O CLA surgiu na década de 1980, no Maranhão, com o objetivo de dotar o País de um local para envio de engenhos espaciais. Sua instalação trouxe, dessa forma, a possibilidade de o Brasil lançar, a partir do próprio território, foguetes de sondagem e veículos lançadores de satélites. A partir da criação da AEB, em 1994, a comunidade científica foi estimulada a participar do desenvolvimento de pesquisas.

"A AEB criou os programas Microgravidade e Uniespaço, destinados à fomentar projetos de pesquisas nas universidades e no setor espacial. "Em todo o mundo, menos de uma dezena de países lançam foguetes e pouco mais de 20 nações desenvolvem satélites. “O que elas têm de vantagem, e o Brasil se inclui nisso, é poder usar essa tecnologia para atender de maneira autônoma as prioridades nacionais”.

Benefícios à população

Apesar de parecer uma coisa distante para a maioria da população, os avanços aeroespaciais brasileiros atingem direta e indiretamente cada um de nós. O Brasil possui hoje duas bases de lançamento, uma no Maranhão e outra no Rio Grande do Norte. Desses locais são lançados foguetes de sondagem e os Veículos de Lançamentos de Satélites (VLT).

"A diferença entre esses dois foguetes é basicamente que o primeiro é para sondagens atmosféricas e experimentos em áreas de microgravidade e o segundo é para lançamento de satélites pequenos, de sensoriamento remoto", afirma o professor do departamento de Engenharia Mecânica da UnB, Carlos Alberto Gurgel.

Segundo ele, que é um dos dez pesquisadores dos foguetes híbridos na UnB, de tecnologia semelhante aos que farão turismo espacial, o País se desenvolver aeroespacialmente significa, antes de mais nada, independência para suas pesquisas e comércio internacional, além de desenvolvimento em tecnologias paralelas. "Para criar um foguete, estuda- se tecnologias muito sofisticadas, que servem para a população no futuro. É o caso do teflon, que foi desenvolvido para a área aeroespacial americana e hoje é encontrado nas casas de todo o mundo todo".

SAIBA +

No Brasil, alguns produtos desenvolvidos pelo programa espacial já fazem parte de nosso dia a dia. O Centro Técnico Aeroespacial (CTA) desenvolveu tecnologia para a produção de perclorato de amônio, material oxidante constituinte dos combustíveis dos foguetes. A tecnologia nacional eliminou a dependência externa para a aquisição de foguetes bélicos de uso aéreo.

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