Mais um espetáculo
Mario Eugenio Saturno
Meses atrás, quando o Governo federal lançou o PAC da Ciência e Tecnologia, li atentamente cada linha do Programa buscando as novidades para a Área Espacial, em que trabalho. E o que vi? Nada! Tudo o que já estava sendo feito foi embalado no PAC científico. Não posso dizer das demais áreas, mas creio estar do mesmo jeito.
E do PAC econômico, Programa de Aceleração do Crescimento, vemos que nada está acontecendo, além da propaganda maravilhosa que diz estarmos nos tornando um nação magnífica e poderosa.
Já se passou um ano, estamos vivendo o risco de um novo apagão, incrível porque todo mundo vem alertando o governo e nada. Sem falar do corte de R$ 20 bilhões no Orçamento deste ano.
E o conjunto de obras de logística, energia e social e urbano, para garantir o crescimento sustentado da economia, até agora, é muito mais uma promessa do que projetos em execução. E seriam R$ 504 bilhões em investimentos públicos e privados de 2007 a 2010.
Constatamos na imprensa que o próprio governo não fez sua parte, dos R$ 16,5 bilhões previstos para investir, apenas R$ 5,4 bilhões foram efetivamente aplicados em 2007, segundo os cálculos do ministro Paulo Bernardo do Planejamento.
A CNT, Confederação Nacional dos Transportes, realizou uma pesquisa no final de 2007 e em 87,5 mil quilômetros de rodovias, viu-se que 74% ainda apresenta problemas graves, ou seja, em relação a 2006, praticamente não houve avanços com o PAC.
Somente a metade dos R$ 10,8 bilhões previstos para investimento pelo Ministério dos Transportes foram aplicados na área de energia, um dos mais avançados, mesmo as hidrelétricas já licitadas pelo governo e com contratos assinados estão com obras em atraso. Segundo a Aneel, Agência Nacional de Energia Elétrica, das 37 usinas, 25 encontram-se atrasadas, e destas, 13 são consideradas preocupantes. Para piorar, o TCU, Tribunal de Contas da União, informa que 66 obras previstas no PAC têm problemas e indícios de irregularidades graves, e por isso devem continuar suspensas. O Brasil já foi o país que mais cresceu no mundo de 1900 a 1973. E o que produziu o crescimento do Brasil e de outros países em situação semelhante? Câmbio alto e juro baixo. O oposto do nosso modelo econômico praticado.
Esse PAC é um verdadeiro déjá vu do Espetáculo do Crescimento, enquanto nossos vizinhos latino-americanos cresciam muito mais que o Brasil, enquanto o mundo crescia mais, nosso presidente dizia que no ano seguinte seria o ano do Brasil. Esquecemos o "Espetáculo do Crescimento" que nunca veio. Acabaremos por esquecer o PAC também?
Mario Eugenio Saturno
Tecnologista sênior da Divisão de Sistemas Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva.
Meses atrás, quando o Governo federal lançou o PAC da Ciência e Tecnologia, li atentamente cada linha do Programa buscando as novidades para a Área Espacial, em que trabalho. E o que vi? Nada! Tudo o que já estava sendo feito foi embalado no PAC científico. Não posso dizer das demais áreas, mas creio estar do mesmo jeito.
E do PAC econômico, Programa de Aceleração do Crescimento, vemos que nada está acontecendo, além da propaganda maravilhosa que diz estarmos nos tornando um nação magnífica e poderosa.
Já se passou um ano, estamos vivendo o risco de um novo apagão, incrível porque todo mundo vem alertando o governo e nada. Sem falar do corte de R$ 20 bilhões no Orçamento deste ano.
E o conjunto de obras de logística, energia e social e urbano, para garantir o crescimento sustentado da economia, até agora, é muito mais uma promessa do que projetos em execução. E seriam R$ 504 bilhões em investimentos públicos e privados de 2007 a 2010.
Constatamos na imprensa que o próprio governo não fez sua parte, dos R$ 16,5 bilhões previstos para investir, apenas R$ 5,4 bilhões foram efetivamente aplicados em 2007, segundo os cálculos do ministro Paulo Bernardo do Planejamento.
A CNT, Confederação Nacional dos Transportes, realizou uma pesquisa no final de 2007 e em 87,5 mil quilômetros de rodovias, viu-se que 74% ainda apresenta problemas graves, ou seja, em relação a 2006, praticamente não houve avanços com o PAC.
Somente a metade dos R$ 10,8 bilhões previstos para investimento pelo Ministério dos Transportes foram aplicados na área de energia, um dos mais avançados, mesmo as hidrelétricas já licitadas pelo governo e com contratos assinados estão com obras em atraso. Segundo a Aneel, Agência Nacional de Energia Elétrica, das 37 usinas, 25 encontram-se atrasadas, e destas, 13 são consideradas preocupantes. Para piorar, o TCU, Tribunal de Contas da União, informa que 66 obras previstas no PAC têm problemas e indícios de irregularidades graves, e por isso devem continuar suspensas. O Brasil já foi o país que mais cresceu no mundo de 1900 a 1973. E o que produziu o crescimento do Brasil e de outros países em situação semelhante? Câmbio alto e juro baixo. O oposto do nosso modelo econômico praticado.
Esse PAC é um verdadeiro déjá vu do Espetáculo do Crescimento, enquanto nossos vizinhos latino-americanos cresciam muito mais que o Brasil, enquanto o mundo crescia mais, nosso presidente dizia que no ano seguinte seria o ano do Brasil. Esquecemos o "Espetáculo do Crescimento" que nunca veio. Acabaremos por esquecer o PAC também?
Mario Eugenio Saturno
Tecnologista sênior da Divisão de Sistemas Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva.
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