Cosmos | Por Carl Sagan

Turismo espacial pode estar com os dias contados



O turismo espacial como é feito até agora, com o pagamento de cerca de US$ 20 milhões em troca de um lugar em uma das naves Soyuz russas com destino à Estação Espacial Internacional (ISS), pode estar com os dias contados.

"O turismo espacial é uma atividade obrigada. Sinto muito, mas temos que construir a Estação Espacial Internacional não para os turistas, mas para atender às necessidades dos habitantes da Terra", disse o presidente da corporação espacial Energia, Vitali Lopota.

O diretor da agência espacial russa Roscosmos, Anatoli Perminov, já definiu o ano de 2010 como prazo para acabar com as passagens à plataforma orbital.

"Acho que a partir de 2010 deveremos interromper o turismo espacial como é praticado atualmente", disse.

Perminov disse que, "segundo os acordos internacionais, quando são lançados os módulos científicos japoneses e europeus, a tripulação (da ISS) deverá ser de seis pessoas. Nesse caso, não haverá lugar para turistas espaciais", acrescentou.

Mas resslatou que "todas as pessoas com as quais já assinamos um contrato voarão à estação", segundo a agência "Interfax".

O chefe da Energia, consórcio responsável pela construção dos foguetes Soyuz, disse que, se o programa espacial russo receber o financiamento necessário, não teria mais que recorrer ao turismo como fonte de receita, segundo a agência oficial "Itar-Tass".

Caso contrário, acrescentou, em um futuro, "teríamos que continuar reservando espaço nas Soyuz para os turistas".

No entanto, nem tudo está perdido para os multimilionários que querem gastar parte da fortuna para realizar o sonho de ir ao espaço, já que a Roscosmos oferece outra alternativa: a compra de uma das naves.

"Se um multimilionário russo ou estrangeiro continuar com o desejo de voar ao espaço e ficar durante uma semana na ISS, pode adquirir uma Soyuz", disse o subdiretor da Roscosmos, Vitali Davidov.

Davidov reconheceu que uma Soyuz custaria "muito dinheiro", por isso, além dos turistas, companhias e Governos também poderiam adquirir as naves com o objetivo de desenvolver seus respectivos programas espaciais.

A Rússia recorreu ao turismo espacial no início desta década devido à grave crise de financiamento que atingiu seu programa especial após a queda da União Soviética, a primeira potência a enviar um homem ao espaço exterior, em 1961.

A princípio, a decisão russa de enviar turistas ao espaço foi muito mal recebida pela agência espacial americana Nasa, que considerava que a presença de "novatos" na plataforma distrairia os astronautas que ficam na ISS.

Desde 2000, cinco turistas viajaram à ISS a bordo de uma Soyuz acompanhados de outros dois astronautas profissionais.

O primeiro de todos foi o americano Dennis Tito, empresário do setor financeiro e ex-cientista da Nasa, que viajou à plataforma em maio de 2001, e confessou que não era preciso ser um "super-homem" para voar ao espaço.

Seu exemplo foi seguido em 2002 pelo sul-africano Marc Shuttleworth, que realizou alguns testes científicos relacionados à aids a bordo da ISS.

Em seguida, foi a vez do milionário americano Gregory Olsen, um cientista de 60 anos, ir ao espaço, em outubro de 2005. No entanto, ele sempre rejeitou o apelativo de "turista espacial".

A primeira mulher a colocar os pés na ISS como turista foi Anousheh Ansari, uma empresária da área das telecomunicações americana de origem iraniana, que ficou na plataforma orbital durante nove dias, um novo recorde.

O último turista a ter esse privilégio foi, em 2007, o milionário americano de origem húngara Charles Simonyi, de 58 anos e um dos fundadores da Microsoft, criador dos softwares Word e Excel.

O sexto turista espacial será o também americano Richard Garriott, de 46 anos, criador de jogos para computador e filho do ex-astronauta americano Owen Garriott.

Garriott filho teve que desembolsar US$ 30 milhões para realizar a empreitada de ir ao espaço.

Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo, também sonharia em viajar à ISS, mas não é certo que consiga realizar seu desejo, já que a passagens para a aventura parecer ter se esgotado.

O multimilionário russo Roman Abramovich também se disse disposto a pagar US$ 300 milhões para ir à Lua, mas esse projeto não deve tornar-se realidade tão cedo.

Segundo uma pesquisa, 29% dos russos gostariam de ir ao espaço como turista, mas reconhecem que não têm dinheiro para pagar a passagem.

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