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Estação Espacial lança satélite construído por estudantes brasileiros

A Estação Espacial Internacional (EEI) lançou na segunda-feira um satélite desenvolvido por estudantes de uma escola pública de ensino fundamental em Ubatuba (SP). Com nove centímetros de diâmetro, 13 de altura e pesando 700 gramas, projeto do Tancredo-1 surpreendeu cientistas americanos e japoneses. 


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O projeto, desenvolvido pelos alunos da Escola Municipal Presidente Tancredo de Almeida Neves, ficará na órbita da Terra a 400 quilômetros de altitude e vai servir de ferramenta de pesquisa para estudar a formação de bolhas de plasma na atmosfera, fenômeno que interfere no funcionamento dos sinais de satélites e de antenas parabólicas em países próximos à Linha do Equador. No Brasil, o projeto recebeu apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 

Alunos e professores envolvidos no projeto do satélite Tancredo 1
Alunos e professores envolvidos no projeto UbatubaSat | Divulgação

A Sputnik Brasil conversou com Cândido Moura, professor responsável pela coordenação do projeto desde que ele começou em 2010. 

Moura conta que a ideia de construção do satélite começou a partir da leitura de uma pequena nota em uma revista científica que informava que uma empresa americana estava vendendo kits de satélites e serviço de lançamento. A empresa é uma das muitas companhias americanas que estão desenvolvendo foguetes para explorar o turismo espacial. Eles foram contatados pelos professores brasileiros que então iniciaram com os alunos os trabalhos de pesquisa para o projeto. 

Em 2013 já tinham o satélite pronto para ser lançado, mas o foguete americano ainda não estava concluído. A equipe começou então a procurar outras alternativas de lançamento e acabou ganhando um voo da Agência Espacial Brasileira (AEB), que criara um programa para incentivar as universidades brasileiras a construir esse tipo de satélite. Essa concepção foi desenvolvida por dois professores americanos no final dos anos 90 para servir de ferramenta pedagógica nas universidades. Trinta ao redor do mundo já construíram esse tipo de satélite, que levam cargas úteis para experimentos científicos no espaço.

Moura conta que a mudança da base de lançamento obrigou a mudanças. 

"Foi preciso redesenhar todo o satélite porque o lançamento seria via Estação Espacial Internacional, em que há uma série de normas de segurança muito mais rígidas do que num foguete comum. O processo de lançamento acontece em várias etapas. Primeiro o foguete saiu da base no Japão e foi até a Estação Internacional em um voo de cinco minutos. A acoplagem do foguete à estação, porém, leva três dias. Só depois o satélite foi ejetado no espaço. O Tancredo-1 ficará quatro meses em órbita", diz o professor. 

O coordenador lembra um fato pitoresco quando da apresentação do projeto do UbatubaSat no Japão. 

"Quando tinham 14 anos de idade, (os alunos) foram ao Japão participar de um congresso de cientistas da área espacial que acontece a cada dois anos. Eles escreveram um artigo científico e o submeteram ao Congresso que o aceitou. A Bruna, que apresentou o paper, colocou uma foto dela com dez anos nos slides de apresentação, e disse: 'Quando eu iniciei no projeto, eu era ainda muito jovem'", recorda o coordenado.

Para Moura, o aluno de escola pública no Brasil é muito desvalorizado, as pessoas não acreditam nele.

"A gente provou para o Brasil e o mundo que essas pessoas, que não têm merecido muita fé, podem fazer coisas surpreendentes. É só dar oportunidade. É lógico que dar orientação, treinamento, como nós professores também fomos treinados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para fazer isso. A gente não teve nenhum tipo de dificuldade nessa área", diz o professor. 

Segundo o coordenador, a escola trabalha com uma faixa de 60 alunos por ano, e o UbatubaSat é a cereja dentro do bolo. 

"O aluno faz vários cursos de eletrônica, passa por uma série de treinamentos para poder construir algo que está no espaço. Esse próprio paper que eles escreveram foi um subprojeto dentro do projeto, pois eles aprenderam a escrever um artigo científico. É sempre a coisa real de botar a mão na massa e fazer e não ouvir falar que alguém fez. A escola tem que ter muito essa vertente, de preparação para a vida", conclui Moura.


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